Operação deflagrada pela Polícia Federal nesta quinta-feira (7) tem como alvo uma organização criminosa armada liderada pelo deputado estadual da Bahia Kléber Escolano, o Binho Galinha (Patriota). Segundo a PF, o grupo age como uma milícia, explorando o jogo do bicho e praticando agiotagem. Também cobrava dívidas com ameaças de morte e vendia peças de veículos roubados.
O UOL teve acesso a detalhes da investigação. Binho Galinha foi alvo de busca e apreensão, enquanto outros acusados de integrarem a organização criminosa foram alvo de prisão preventiva. O deputado também foi denunciado pelo Ministério Público do Estado da Bahia por crimes envolvendo a milícia. Procurado pelo UOL, o deputado disse que vai “esclarecer tudo à Justiça, no momento próprio” e se disse “à disposição das autoridades”. Ele não comentou o mérito da investigação sobre o alegado envolvimento com milícia.
Segundo a PF, o grupo miliciano atuava em Feira de Santana, segunda cidade mais populosa da Bahia, e também tinha a participação da mulher e do filho de Binho Galinha.
“Desde o ano de 2013, os denunciados integrariam organização criminosa armada liderada por KLÉBER CRISTIAN ESCOLANO DE ALMEIDA, alcunha “BINHO GALINHA”, e agiriam em comunhão de ações e desígnios, de forma consciente e voluntária, de forma permanente e estável, mediante divisão de tarefas, para o fim de ocultar e/ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação e/ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de variadas infrações penais, em especial receptação de cargas roubadas/furtadas, extorsão, jogo do bicho e agiotagem, entre outras.”
Decisão da 1ª Vara Criminal de Feira de Santana
O MP da Bahia apontou, na denúncia, que o deputado estadual possuía diversos documentos que o vinculavam à prática do jogo do bicho, considerada uma contravenção penal.
“Identificaram-se fichas contendo os resultados dos jogos, em sua maioria assinadas, possivelmente, pelo próprio ‘Binho Galinha’, datadas do ano de 2020 até 2022, de forma constante, com frequência quase mensal. Ademais, os denunciados (..) armazenariam grande quantidade de documentos ligados ao jogo do bicho e receberiam créditos em suas contas bancárias advindos dessa prática ilícita”, diz despacho da Justiça da Bahia que autorizou a operação.
De acordo com o MP, Mayana Cerqueira da Silva, esposa de Binho Galinha, era uma das pessoas responsáveis pela movimentação financeira na venda de peças de veículos roubados e lavagem de dinheiro, por meio de uma empresa. Ela foi presa nesta quinta.
Outros integrantes da organização criminosa também atuavam na captação ilícita de veículos e peças para venda pelo grupo.
Já o filho do casal, João Guilherme Cerqueira da Silva Escolano, “teria uma atuação quase recreativa dentro da organização, como se estivesse aprendendo as práticas criminosas familiares, já que transitaria entre armas de fogo, jogo do bicho e lavagem de dinheiro”, diz o despacho. Ele também foi preso na operação.
Outro alvo da investigação, que atuaria na lavagem de dinheiro, era funcionário do gabinete de Binho Galinha na Assembleia Legislativa da Bahia.
O braço armado da milícia era composto de policiais civis e militares, que faziam a segurança de Binho Galinha e atuavam na cobrança de dívidas.
“Membros da ORCRIM também agiriam de forma a realizar empréstimos de capital a juros, utilizando violência e/ou grave ameaça na cobrança desses valores, por meio do núcleo armado. Há evidências, inclusive, da aquisição de dívidas de terceiros para serem cobradas pela própria organização criminosa, por intermédio de pessoas jurídicas especializadas em cobranças de dívidas”, diz o despacho.
Fonte: UOL