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Livres, leves e soltos

eleicao2010As regras eleitorais, todo mundo sabe, são cheias de artifícios, e o que era para servir de proibição termina favorecendo os candidatos que concorrem à reeleição ou então os patronos que, no poder, são fundamentais para a eleição de seus candidatos. O presidente Lula, por exemplo, mesmo permanecendo no cargo, poderá participar ativamente da campanha da ministra Dilma Rousseff (PT) como, aliás, já vem fazendo há muito tempo. E o principal trunfo de Lula é que ele poderá aparecer no programa eleitoral pedindo votos para a ministra, o que será quase fatal para os adversários, seja José Serra (PSDB) ou Marina Silva (PV).

No estado, o governador Eduardo Campos (PSB) não é obrigado a se desincompatibilizar para concorrer à reeleição. Há imposições da legislação eleitoral, mas se o governante continua no cargo é fatal que as atividades se misturem. Ora o governador estará em campanha e ora estará promovendo atos administrativos que terminam beneficiando sua candidatura. Sempre foi assim, desde que se criou no Brasil o instituto da reeleição. Concorrer então com quem está no governo ou com quem tem um padrinho governante é uma empreitada difícil.

É preciso ser muito bom para anular estas vantagens e ter muito o que dizer à população para ganhar a eleição, a menos que os governos instalados sejam muito ruins, e este não é caso de Lula e Eduardo. Agora, a legislação eleitoral permanece intocável porque todos os políticos, de uma maneira ou de outra, se beneficiam das brechas da lei. Se a oposição hoje está indócil diante dos movimentos eleitorais do presidente Lula, em algum momento, os oposicionistas, quando no governo, também fizeram algo semelhante. E o eleitor vai na mesma onda, dependendo de quem esteja no poder e de suas preferências políticas. Então, neste quesito, o Brasil vai mal e permanecerá assim, certamente, ainda por muito tempo. É difícil se aprovar no Congresso Nacional uma legislação rigorosa em relação à prática político-eleitoral, e nem a população exige um rigor maior.

Fonte: Diário de Pernambuco