O governo de Luiz Inácio Lula da Silva levará o debate sobre a regulação das plataformas digitais para o centro da agenda do G20.
O bloco é presidido pelo Brasil em 2024 e, pela primeira vez, a meta é que o tema tenha um espaço de protagonismo no grupo, que reúne as maiores economias do mundo.
A ameaça à integridade da informação passou a ser considerada pela ONU como um tema estratégico, com o potencial de causar a desestabilização de sociedades e regimes.
O UOL apurou que o governo Lula já começou consultas bilaterais com os demais membros do G20, justamente para conseguir entender as resistências e pontos de apoio dos diferentes países do G20.
Nas primeiras conversas, a resistência colocada por parte tanto dos EUA como da China revelou como o tema seria desafiador. O Brasil sabe, porém, que terá de encontrar uma proposta e um caminho que possam ser aceitos pelas duas grandes potências, caso queira que o debate prospere no G20.
Desde que Lula assumiu a Presidência, há um ano, o governo passou a refletir como desinformação pode ser combatida. A opção foi por buscar dois caminhos. O primeiro é a resposta nacional, com projetos de leis que acabaram gerando uma intensa reação das plataformas digitais.
A estratégia doméstica também inclui ações como a campanha de vacinação ou mesmo a conscientização de uma educação midiática.
Mas a percepção do Palácio do Planalto é que não existirá uma solução nacional e isolada para o desafio. A constatação é que redes operam de forma internacional e que era preciso pautar o tema no G20.
Desde 2023, o Brasil já havia se aliado a iniciativas internacionais, deixando claro que havia entrado em campo no debate internacional sobre a regulação das redes.
Mas agora quer propor iniciativas e, com a presidência do G20, considerou que o bloco poderia ser uma espécie de centro de gravidade para discutir a questão.
Dois argumentos estão sendo usados pelo governo brasileiro para convencer aos demais membros do G20 de que o tema não pode ficar de fora da pauta:
– Se atual situação continuar, o resultado será o extremismo violento que desestabilizará a politica e a economia. Essa abordagem dialoga com a própria origem do G20 e organiza preocupações de países com diferentes perfis políticos.
– A solução não virá das big techs, ou seja, dos grandes conglomerados do setor privado que hoje controlam a internet. Nesse aspecto, a esperança do Brasil é convencer a todos de que se trata de um desafio para as soberanias nacionais.
Fonte: Jamil Chade – UOL