A chuva finalmente resolveu dar o ar de sua graça no sertão nordestino. Mesmo uma pequena oscilação dos índices pluviométricos alegrou o sertanejo que agora vislumbra dias melhores principalmente para o rebanho já que a pouca água que tem caído favorece a renovação das pastagens tornando mais acessível à alimentação para os animais. É certo que não foi possível o acumulo nas represas da região, pois além da chuva ter sido de leve intensidade encontrou um solo extremamente ressecado pelos muitos meses de estiagem, mas foi bem recebida por aqueles que trazem consigo a esperança de finalmente sair do longo marasmo de um período quente e seco.
No distrito de Ibó, localizado no município de Abaré-Ba não foi diferente. A mudança climática com a chegada das chuvas satisfez a todos já que a maioria das pessoas é ligada a agricultura e a pecuária e possuem parentes que residem nas áreas rurais onde enfrentam com dificuldade o período de estiagem. A população que nos últimos anos tem tornado cada vez maior na área urbana do distrito já até havia esquecido um velho e conhecido problema que causa transtorno nos períodos chuvosos.
Bastou surgir às primeiras pancadas de chuva para que as ruas ficassem em estado de extrema calamidade. A entrada do Distrito que fica as margens da BR 116 e deveria ser o Cartão Postal já denuncia o grave problema de infraestrutura que há anos instaura o caos nas principais avenidas. A água permanece, por dias, semanas acumulada nas vias públicas gerando transtorno tanto aos veículos que ali circulam quanto as próprias pessoas que são obrigas a se locomover em meio a extensas lagoas de lama que com o passar dos dias e a passagem constante de veículos acaba gerando mau cheiro.
De tanto ser constante, o problema já se tornou objeto de comédia pelos populares que enfrentam com humor a situação degradante de abandono pelo poder público. O acúmulo de água nas vias é resultado da ausência de uma ação preventiva de, pelo menos, um preparo das ruas e avenidas para que ao receber as águas da chuva e elas sejam deslocadas e guiadas para fora das ruas e avenidas. Conforme vão passando os anos surgem diversas promessas do poder público em solucionar de vez a questão promovendo a pavimentação que certamente deveria ser acompanhada por um sistema de drenagem com bueiros que fizessem o escoamento correto das águas. O grande impasse, segundo comentam os populares é que os gestores alegam a necessidade da realização de um sistema de saneamento antes do calçamento para que seja feito tudo de forma completa garantindo assim qualidade de vida as pessoas.
O fato é que ano após ano o problema volta a atormentar a vida das pessoas e nada é feito sequer para amenizar a situação. O município alega não ter boa relação com o governo do estado, mas não foi capaz de celebrar convenio no âmbito federal para garantir a obra de grande importância para o distrito nem mesmo quando um dos grandes parceiros da administração o ex-ministro Gedel Vieira Lima (PMDB) ocupou o Ministério da Integração Nacional e já agora na grande influência do PMDB partido do atual prefeito no planalto central tendo inúmeros ministérios sob controle e inclusive o vice-presidente Michel Temer que também é integrante na legenda.
A verdade é que a situação se agrava a cada pequena chuva que ocorre em Ibó-Ba deixando a população revoltada e criando um clima de desapego de muitos que enxergam ao redor cidades extremamente estruturadas como é o caso de Cabrobó no estado de Pernambuco, porém localizada a 20 km do distrito que apresenta uma situação inversa no sentido de desenvolvimento. A comparação leva a crer que as forças políticas precisam agir e evitar que distritos de Abaré como no caso do Ibó passem a ganhar apelidos comuns aos que já se ouve nas calçadas a exemplo “Mangue” e “Garimpo”.
Por Espedito Novaes