Em qualquer caso de tragédia, cada minuto parece uma eternidade para os familiares que aguardam, angustiados, qualquer contato de alguém que pode ter sido vítima de eventos naturais, a exemplo do terremoto e do tsunami que atingiram o Japão na madrugada deste dia 11 de março. “Estamos todos bem” é tudo o que a estudante Mariana Leite, moradora do bairro dos Aflitos, no Recife, gostaria de ouvir sobre o primo Herbeni Sousa e a filha Barbara Nakamori. Eles vivem em Mitsu-Okayama, desde o nascimento da jovem há 20 anos. “Sempre procuro as notícias, pela manhã, na internet, mas hoje, quando olhei para o computador, tinha um recado do meu irmão, pedindo para entrar em contato com o resto da família para saber deles. Na hora bate a preocupação, até porque ninguém tinha notícia da nada”, conta. A boa notícia veio pela única forma de comunicação que Barbara encontrou no país, em uma atualização de status do MSN, ela escreveu: “Avisa a minha avó que estamos todos bem. Faz o favor”.
Outro caso de como a internet tranquilizou os familiares é o do estudante de medicina pernambucano, Diego Laurentino. Ele está em Shinanomachi, próximo ao centro de Tóquio e estuda na Universidade de Keio. Foi usando o skype que conseguiu, às 7h e às 10h30 estabelecer contato com os pais. “Ele está tranquilo porque está mais distante de onde ocorreu o tsunami, mas se assustou com o terremoto”, afirma o pai, Theotônio Caixinha. Pelo twitter, o jovem confirma o susto: “O primeiro terremoto a gente nunca se esquece” e afirma que no final da manhã de hoje (fim de noite japonês) os tremores continuam assuntando a população. “E acabei de sentir um pequenino tremr… eles se repeter. Os trens ainda não estão funcionando. As ruas estão lotadas, engarrafamentos e muita gente ainda nos seus trabalhos”, afirma.
A dona de um restaurante japonês, no Recife, Tomiko Matsumoto, se apega na suposta localização geográfica da família para ter um pouco de tranquilidade. Moradores da região sul, próxima a Tóquio, os parentes dela ainda não conseguiram se comunicar com os moradores de fora do país, uma vez que as telecomunicações de todo o país estão comprometidas, bem como boa parte do sistema de transporte público. “Soube rapidamente pelo NHK (canal público da televisão japonesa) que costumo assistir. O susto foi grande porque o tsunami parece ter sido bem grave. Fiquei preocupada, mas creio que todos estão bem já que a área que eles vivem não foi afetada diretamente pelas ondas”, se tranquiliza.
O terremoto de magnitude 8,9 atingiu a costa do Japão nesta sexta-feira (11), às 14h26 (horário local, 02h46 de Brasília), e foi seguido de um tsunami de aproximadamente 10 metros de altura, que arrasou a costa de Sendai (Miyagi) e causou a morte de pelo menos 60 pessoas. Outras 56 vítimas estão desaparecidas e os hospitais já receberam um total de 241 feridos. Segundo a imprensa local, a polícia de Iwate confirmou 10 mortes e outras três das vítimas eram de Tóquio, incluindo um homem de 67 anos, esmagado por uma parede, e uma idosa, atingida pelo teto da própria casa, que desabou, ambos na região. No entanto, a capital somente chegou a sentir reflexos do tremor, cujo epicentro foi localizado em a 100km da costa nordeste da ilha de Honshu, na região norte do país. De acordo com o Centro de Geofísica americano, USCG, este foi o sétimo terremoto mais violento da história. “Um terremoto desta magnitude tem o potencial de gerar um tsunami devastador, capaz de atingir a costa próxima em poucos minutos e regiões mais afastadas em questão de horas”, indicou o USGS em um comunicado. SEgundo a agência nacional de polícia os danos foram muito grandes e demandará muito tempo até que as informações sejam reunidas.
No país, a mobilização agora é para coordenar as operações de resgate e contornar os danos causados em todo o Japão. As autoridades enviaram aviões e navios para a costa de Miyagi, área mais atingida pela catástrofe. Além de toda a rede de telecomunicações estar comprometida, o metrô de Tóquio também foi paralisado. A maior parte das escolas cancelou as aulas de hoje e, apenas na capital, cerca de quatro milhões de cidadãos estão sem eletricidade. Muitos deles estão ilhados e sem poder sair do próprio local de trabalho devido a inundações que também comprometeram completamente a zona portuária, que teve ainda navios emborcados que, com a força das águas, destruíram várias casas por onde passaram. Diversos incêndios foram registrados, o mais grave deles, na refinaria da cidade de lichihara, por isso, além de decretado estado de emergência por conta das águas, também foi decretado emergência nuclear no país.
Fonte: Pernambuco.com