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O risco do racionamento de água para a saúde pública

Se você chega em qualquer país dos chamados de primeiro mundo, desenvolvidos, e necessita de água para beber, basta pegar um copo e dirigir-se à torneira mais próxima.  A água que chega às torneiras desses países tem o padrão de potabilidade respeitado, e o que é melhor, dá pra ter confiança nisso.

No Brasil, nós não temos essa confiança, e o pior é que parece que a cada dia ela diminui. Com isso, prolifera a utilização de água mineral, uma água nobre que deveria ser reservada para o futuro e também uma água normalmente com acidez acima da água superficial.

Nenhum país chegou ao nível de primeiro mundo sem um investimento pesado em saneamento. O Brasil jamais vai transcender essa barreira se continuar nos atuais patamares nesse setor.

Podemos considerar que a água tem uma importância sanitária e social, quando ela visa controlar e prevenir doenças, implantar hábitos de higiene na população, facilitar a limpeza pública e propiciar conforto, bem-estar e segurança.

Economicamente falando, o abastecimento de água de qualidade visa aumentar a vida média pela redução da mortalidade, aumentar a produção do indivíduo, facilitar a instalação de empreendimentos e realizar o combate a incêndios.

Os riscos para a saúde relacionados com a água, podem vir da ingestão de água contaminada por agentes biológicos e também por algum derivado de poluente químico e radioativo.

As doenças relacionadas com a ingestão ou contato com água contaminada são: cólera,  febre tifóide, leptospirose, giardíase, amebíase, hepatite infecciosa, diarréia, poliomelite, doenças de pele, infecções dos olhos, ouvidos, nariz e garganta.

Através de vetores que mantém contato com a água podemos falar em: Malária, dengue, febre amarela e filariose.

Associada à água temos a esquistossomose e pela falta de higiene podemos relacionar a escabiose, pediculose, tracoma, conjutivite, salmonelose, tricuriase, enterobiase, ancilostomíase e ascaridíase.

Apesar de sabermos que a nossa água tem um tratamento considerado razoável, existe grandes problemas referente a distribuição que pode levar todo o custo de captação e tratamento por “água abaixo” literalmente.

Existe um problema grave que passa despercebido pela grande maioria dos usuários, e que representa um grande perigo para a população que é o regime de racionamento.

Além do prejuízo financeiro, a população corre sérios riscos de saúde quando sabemos que existem localidades que passam vários dias, chegando até atingir o período de um mês, sem serem abastecidas pelo líquido precioso.

Esse risco vem desde a obtenção paralela de água sem nenhum controle quanto a potabilidade até o risco inerente pelo tempo que as tubulações passam vazias.

As tubulações vazias, uma vez sem pressão passam a operar como condutos por gravidade, e muitas vezes devido a geometria das instalações, podem trabalhar com pressão negativa, e como normalmente existem vazamentos, através deles os dutos vão sugando fluidos externos, inclusive esgotos que possam passar próximo, enchendo as tubulações de dejetos que são colocados à disposição do inocente consumidor quando a água vier novamente a passar por elas.

Portanto, falar de abastecimento d’água é falar ao mesmo tempo de saúde pública e não é a toa que se afirma que para cada real gasto em saneamento de um a quatro é economizado na saúde pública.

O que vai salvar a saúde pública no Brasil é um investimento pesado em saneamento e não a conversa fiada de nova CPMF. 

Péricles Tavares, Proprietário da empresa CADNORTE LTDA – consultoria de projetos industriais e ambientais (www.cadnorte.com.br), engenheiro ambiental, técnico em mecânica, técnico em saneamento, programador e analista de sistemas em CAD.