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‘Medo do que Lula tem a dizer explica decisão de Moro’, diz professor

size_810_16_9_FRP_Juiz-Sergio-MoroA proibição da gravação do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz federal Sérgio Moro na tarde de ontem (10), em Curitiba, no âmbito da Operação Lava Jato, não tem outra justificativa senão o medo do que Lula tem a dizer. A avaliação é do cientista político da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Pedro Fassoni. “Não vejo outra explicação mais verossímil que eu possa encontrar. As provas contra Lula são muito frágeis”, diz.

“Não existe justificativa para a proibição do depoimento, que está previsto no Código Penal. O advogado do réu tem o direito de gravar. O que Moro receia é que caia nas redes sociais a argumentação de Lula, revelando mais uma vez que sua conduta é parcial.”

Fassoni destaca a conduta de Moro, que vem sendo muito criticada por juristas e até mesmo ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e lembra a divulgação da escuta de uma conversa entre a então presidenta Dilma Rousseff e Lula, em março de 2016. “Diante das críticas, ele pediu desculpas  aos integrantes do STF, mas não aos prejudicados pela divulgação e nada aconteceu com esse juiz.”

Outro aspecto é o fato de o juiz continuar a circular com desenvoltura entre integrantes do atual governo, parlamentares do PSDB, PMDB, Democratas, lideranças empresariais. Inclusive jantares e eventos promovidos pelo atual prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), e até mesmo lançamento de livros contra Lula.

“Pesa ainda a forte militância da família de Moro no Paraná. Há muita coisa sobre o comportamento desse juiz que precisa ser questionada.”

Para ele, o fato é que os depoimentos que incriminam Lula foram feitos por pessoas que já estão na cadeia e que tiveram uma possibilidade de ter sua pena atenuada. “Existe uma tortura, uma pressão psicológica para que algumas pessoas que estão presas na carceragem em Curitiba acabem incriminando o Lula para poder obter um tipo de vantagem nisso.”

Para Fassoni, o que tem preocupado são os chamados vazamentos seletivos. “Até agora tivemos 70 pessoas que inocentaram o Lula e apenas duas aí que disseram que o tríplex do Guarujá pertence a ele ou pertenceu em algum momento. Curiosamente só esses dois acabaram vazando. Os outros 70 não. Veja que ele joga para o público que a ação do Moro trabalha em sinergia com os oligopólios midiáticos.”

Exemplo disso são as revistas semanais (Veja e IstoÉ), que colocam em suas capas a figura de Lula e Moro como adversários, quando o juiz deveria estar analisando os dois lutadores. A luta, para Fassoni, teria de ser entre a defesa e a acusação, o advogado de um lado e o Ministério Público do outro – quando na realidade se tem o juiz como julgador e como acusador. “A gente já imagina qual vai ser a sentença, né?”

Fonte: Rede Brasil Atual

Um comentário sobre “‘Medo do que Lula tem a dizer explica decisão de Moro’, diz professor

  1. Augusto Coelho Fernandes

    Levando uma marmita numa sacola plástica, um homem acusado de ser agente da CIA e representante das elites saiu hoje para trabalhar.
    Sua função: interrogar o “pai dos pobres”; que foi de avião particular, de um “amigo”, enrolado até o pescoço, para variar, terno sob medida e uma claque de apoiadores pagos por nós. Para se explicar sobre um triplex pago pela construtora “amiga”.
    E você lendo por aí que a direita defende a elite.

    Moro: o Sr. ex-presidente entende que, tendo nomeado todos estes envolvidos em corrupção, não tem responsabilidade de nada?
    LILS: Não. Nenhuma!

    Moro: o sr. ex-presidente sabe se João Vaccari Neto tinha relação com Renato Duque?
    — Não.
    E o sr. ex-presidente encontrou pessoalmente o Renato Duque?
    — Sim. Eu pedi ao Vaccari (!!!) para marcar uma reunião com ele num hangar em Congonhas.
    É uma aula de contradição. E um filme de máfia: “vamos marcar uma reunião? Onde? Num restaurante? Não. Num HANGAR no aeroporto”.