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Mães defendem filhos xingados por exercer profissões ingratas

ceretta620x465Elas deram à luz político, árbitro, marronzinho, motoboy e telemarketing. Filhos levam na esportiva e dizem que ataques ‘não são para valer’.

A dona de casa Claudicéia Ceretta de Lima, de 55 anos, diz já ter perdido as contas das vezes em que ao assistir a um jogo de futebol no estádio ouviu o torcedor ao seu lado chamar o árbitro com aquela expressão que todo mundo conhece bem. “Acontece muito, às vezes do meu lado. A gente escuta de tudo, mas eu não me manifesto”, afirma ela. O problema é que ela não é uma torcedora comum. Ela é mãe do árbitro Guilherme Ceretta de Lima, de 27 anos. Apesar disso, Claudicéia diz não se incomodar com os xingamentos e até se diverte com algumas situações. Ela conta que certa vez a noiva de Ceretta estava junto com ela na arquibancada quando um torcedor usou a expressão “filho da p…” e, em seguida, emendou: ‘corno’. “Eu cutuquei a Carolina e disse para ela: ‘Agora é com você’. Ela nem reagiu. Ficou constrangida”, afirma.

Árbitro presente em momentos como o 100º gol do goleiro Rogério Ceni, Ceretta conta que o xingamento faz parte da alma do torcedor e não tem nada de concreto. “Às vezes, antes de você dar o primeiro passo no campo alguém já xinga. De vez em quando o cara fala: ‘Ô Ceretta, filho da p…'” e quando você olha para ele e cumprimenta, ele muda de expressão e para de xingar”, diz.

Embora não seja árbitro, o filho de Dona Maria Almeida Leme de Camargo, de 60 anos, também desperta a ira e expressões inconsequentes quando apita alguma infração. Mãe do agente da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) Leandro Leme Camargo, de 35 anos, ela dá risada ao ser questionada se fica com a orelha queimando quando o filho está na rua, mas afirma que não se incomoda, porque sabe que muita gente reconhece o lado bom dos chamados “marronzinhos”. Com dez anos de profissão, o marronzinho Leandro diz que ouve expressões pouco elogiosas várias vezes e até já se acostumou, mas afirma que as agressões estão diminuindo. “Hoje a população entende melhor a necessidade dos agentes de trânsito em São Paulo. Isso vem mudando bastante como passar dos anos.”

Já a aflição da dona de casa Maria José Ferreira dos Santos, de 46 anos, começa com os telejornais da manhã, quando ela vê acidentes envolvendo motocicletas. “Às vezes me assusto até quando ele está em casa. Depois me dá um alívio”, afirma ela, mãe do motoboy Felipe Santos da Luz, o Tanaka, de 22 anos. Tanaka afirma que nem ouve se alguém xinga a mãe no trânsito. “A gente passa a milhão e nem consegue ver nada”, diz ele. Ex-gerente financeira, Maria José lembra que “quando a encomenda chega rapidamente” todo mundo gosta de motoboy.

Ante à pergunta enviada pelo G1 sobre como se sente como mãe de político, Filomena Matarazzo Suplicy, de 103 anos, matriarca de uma das famílias mais tradicionais de São Paulo, afirma que fica feliz ao ver o filho, o senador Eduardo Matarazzo Suplicy, de 70 anos, na política, eleito para três mandatos consecutivos no Senado, de 1999 a 2015, “por causa da confiança que inspira em seus eleitores”.

Suplicy, que fez a intermediação da entrevista, afirma que a mãe o encoraja a tentar, pela terceira vez, a candidatura à Prefeitura de São Paulo em 2012. Ele foi candidato em 1985 e 1992. “Perguntei-lhe se ela recomenda que seja candidato a prefeito de São Paulo, ela disse que sim.” Questionado se em algum momento da vida dona Filomena lhe pediu que desistisse da carreira, o senador diz que não. “Enquanto teve forças, ela sempre me acompanhou em todas as atividades”, afirma o senador.

Fonte: G1