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Cantareira tem mês mais seco em 84 anos

Em crise declarada há cinco meses, o Sistema Cantareira registrou em junho novo recorde negativo. Foi o mês mais seco do principal manancial paulista em 84 anos de medição, superando maio deste ano. Dados do comitê anticrise que monitora a estiagem local mostram que a vazão afluente – volume de água que chega aos reservatórios – foi de apenas 6,6 mil litros por segundo, 46% inferior à mínima histórica para este mês, registrada em 2000: 14,3 mil litros por segundo.

A situação é consequência direta do baixo índice pluviométrico na região, que contrariou desejo do governo Geraldo Alckmin (PSDB). Assessores do governador esperavam um desempenho semelhante ao de 2013, quando junho e julho foram os únicos meses em que o volume de chuva ficou acima da média. Mas, na prática, a pluviometria acumulada no mês passado foi de 15,8 milímetros, 72% a menos que a média histórica de 56 milímetros, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

“Junho foi realmente muito seco e a previsão é de que a pluviometria continue muito baixa em julho, ao contrário do ano passado, quando choveu o dobro do esperado. O cenário não é nada animador”, afirma a meteorologista Daniele Lima, da Climatempo. Segundo a empresa, nem a passagem do El Niño, previsto para ocorrer entre este mês e agosto, deve ajudar o Cantareira. A previsão é de que o fenômeno provoque fortes chuvas apenas na Região Sul do País e até atrase a chegada da frente úmida no Sudeste durante a primavera.

Com o mês mais seco de sua história, o Cantareira registrou em junho um déficit de 16,5 mil litros por segundo, o que representa uma redução de aproximadamente 43 bilhões de litros do sistema, ou 4,2 pontos porcentuais no nível de armazenamento. O recorde anterior era de maio, com vazão afluente de 7,3 mil litros por segundo. Ontem, o manancial estava com 20,6% da capacidade, segundo a Sabesp, já considerando os 182,5 bilhões do chamado “volume morto” – reserva profunda.

Segundo o comitê anticrise, liderado por técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA), do governo federal, e do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE), do governo paulista, a Sabesp já havia usado até ontem 33,3 bilhões de litros do “volume morto”, ou 18,3% da reserva disponível.

Fonte: Estadão