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Campos e Marina: Nem Tudo está tão bem como parece

O ex-governador de Pernambuco e presidenciável pelo PSB, Eduardo Campos, e a ex-ministra e vice na chapa presidencial socialista, Marina Silva (PSB), estão fazendo o possível para demonstrar que a aliança entre o PSB e a Rede Sustentabilidade – partido que teve o registro negado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e migrou para o PSB – está mantida. Pelas redes sociais, tanto Marina quanto os socialistas tentam sustentar a ideia de que a aliança entre as legendas se mantém forte o bastante para quebrar a polarização do PT com o PSDB nas eleições de outubro. Entretanto, nas últimas semanas, a convivência entre Campos e Marina têm sido abalada devido a cizânia entre as duas legendas em estados estratégicos, como São Paulo e Minas Gerais, onde membros da Rede não concordam com as decisões tomadas pela legenda socialista nos cenários locais.

No Facebook, Marina postou uma foto onde aparece junto com Campos, com o texto onde garante que a aliança entre os dois partidos está mantida. “A #Aliança nacional com o PSB está mantida. A chapa e o programa de governo estão mantidos com o que eu e Eduardo Campos temos discutido. Trabalhamos agora para manejar as alianças nos estados em fortalecimento da aliança nacional, para que esta possa quebrar a polarização do PT e do PSDB”, escreveu a ex-ministra, nesta terça-feira (10). O texto foi compartilhado na página oficial de Campos, e tenta passar uma mensagem de tranquilidade entre os partidos a despeito das discordâncias evidentes entre eles.

Apesar do aparente clima de tranquilidade quanto à chapa nacional, são nos estados onde Marina e Campos divergem. Enquanto a ex-ministra defende a criação de palanques próprios para sustentar a postulação presidencial de Campos e sustentar o discurso de uma “nova política” trazido pelo PSB, os socialistas ainda defendem alianças com o PSDB.

O estado onde as relações do PT e do PSDB estão mais estremecidas é justamente o maior colégio eleitoral do Brasil. Em São Paulo, o PSB confirmou que vai apoiar o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que tenta a reeleição, a despeito da vontade de Marina de lançar um candidato próprio. Com a aliança, o presidente do PSB de São Paulo, Márcio França, está cotado para disputar o Senado ou ser o vice de Alckmin nas eleições.

Com a definição do PSB paulista na semana passada, Marina soltou, no último sábado (7), uma nota pública onde afirma que o apoio do PSB paulista com o PSDB é um “equívoco”, e informa que os membros da Rede não vão seguir com essa decisão. A nota foi divulgada na mesma página onde a ex-ministra afirmou, nesta terça, que a aliança com Campos está mantida. Em São Paulo, as relações entre o PSB e os membros da Rede já são dadas como rompidas.

Ao comentar sobre o cenário paulista durante uma viagem a Belo Horizonte, nesta segunda-feira (9), Marina afirmou que o PSB quebrou um compromisso firmado com a Rede na aliança com Alckmin. Ao criticar o apoio socialista em São Paulo, Marina declarou que, se o apoio ao tucano for mantido, a ex-ministra não subirá no palanque paulista. Em resposta às declarações da aliada, Campos afirmou, nesta terça, que Marina “não está dizendo absolutamente nada de novo, não está trazendo absolutamente nada”.

 Para o socialista, deve existir o respeito quanto as diferentes posições partidárias. “Nós somos de partidos diferentes, fizemos uma aliança. Temos de respeitar uns as posições dos outros, disse o presidenciáv­­el nesta terça-feira (10), em São Paulo.

Outro estado que pode trazer problemas para o PSB é Minas Gerais, considerado como o segundo maior colégio eleitoral do Brasil. Ali, PSB e PSDB haviam firmado uma aliança no começo do ano, onde os socialistas se comprometeram em apoiar a postulação de Pimenta da Veiga (PSDB-MG), e, em troca, os tucanos apoiariam a candidatura do ex-secretário da Fazenda Paulo Câmara (PSB-PE) ao Governo de Pernambuco. A aliança, entretanto, teria sido minada por Marina, que, assim como em São Paulo, manifestou o desejo de uma candidatura própria do PSB no Estado.

O postulante do PSB ao Governo de Minas Gerais, entretanto, não seria o ambientalista Apolo Heringer, defendido pela socialista. O nome cotado pelo PSB para disputar a eleição seria o do deputado federal Júlio Delgado (PSB), que é próximo politicamente do senador e presidenciável pelo PSDB, Aécio Neves (MG). Caso a candidatura de Delgado se confirme até as convenções do partido, ainda neste mês, PSB e Rede também podem se separar no Estado.

Apesar de tentarem aparentar tranquilidade em público, Campos e Marina têm demonstrado que a integração ideológica entre as duas legendas pode se tornar mais difícil do que o esperado. Com as cizânias enfrentadas nos Estados, o potencial de transferência do capital político de Marina – que nas últimas eleições presidenciais teve cerca de 20 milhões de votos – ainda não se materializou e já é visto como uma incerteza para alavancar a candidatura de Campos, que na última pesquisa presidencial, divulgada pelo instituto Datafolha, apareceu com 7% das intenções de voto.

Fonte: Pernambuco 247