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Traficante Nem diz que metade do que faturava com drogas ia para policiais, diz jornal

O traficante Antônio Bonfim Lopes, o Nem, preso na madrugada de ontem (10) durante operação policial na favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, disse em depoimento na sede da Polícia Federal que metade do que faturava com a venda de drogas era entregue a policiais civis e militares, segundo reportagem do jornal carioca “O Globo”. O traficante disse também que a propina tinha como destino final uma série de agentes públicos e que teve lucro zero em determinados períodos por causa da frequência de pagamentos. Segundo estimativas da Polícia Civil, não confirmadas no depoimento, o traficante faturava mais de R$ 100 milhões por ano.

O traficante contou no depoimento que uma parte do seu lucro com a venda de drogas era usado para ajudar moradores da Rocinha, com pagamento de enterros, fornecimento de cestas básicas, compra de remédios e realização de obras. “Quando me pediam, eu comprava tijolos e financiava a construção de casas na comunidade”, disse.

Em entrevista à TV Globo, o secretário de segurança, José Mariano Beltrame, disse que gostaria muito que Nem falasse o que sabe, por conhecer “a arquitetura do tráfico de drogas e como são os meandros da corrupção”.

Nem, apontado como chefe da quadrilha que controla a venda de drogas na Rocinha, foi preso quando tentava fugir da comunidade no porta-malas de um carro. Quinze pessoas foram detidas durante a operação de cerco montada pela Polícia Militar, em conjunto com a Polícia Federal — entre elas Nem e dois homens que, segundo a polícia, tinham papéis importantes dentro da quadrilha: Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, e Sandro Luis de Paula Amorim, o Peixe. Segundo o chefe de Estado-Maior operacional da Polícia Militar, coronel Alberto Pinheiro Neto, o cerco da Rocinha é o primeiro passo do processo de pacificação da comunidade. O coronel não revelou, no entanto, quando será iniciada a ocupação efetiva da favela.

“Vamos recuperá-la no momento adequado. Haverá retomada desse espaço, promovendo o retorno da lei e da ordem, procurando evitar qualquer dano colateral à população. Vamos distribuir telefones [para que as pessoas façam denúncias]. Como a quadrilha está desarticulada, esse é um momento muito bom para que as pessoas que desejam viver em paz denunciem, que avisem onde estão drogas e armamentos”, afirmou o coronel.

Fonte: UOL