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‘Tem que meter a faca no Sistema S’, diz Paulo Guedes

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, criticou nesta segunda-feira o Sistema S, formado por entidades empresariais e que se dedica, entre outras coisas, ao ensino profissionalizante no país. A uma plateia de empresários reunidos na sede da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), Guedes criticou os custos do sistema. Para ele, os cortes nos programas precisam ser acentuados.

— Tem que meter a faca no Sistema S — disse o futuro ministro.

— A CUT perde o sindicato e aqui fica tudo igual? O almoço é bom desse jeito e ninguém contribui? A gente tem de cortar pouco para não doer muito. Se o interlocutor é inteligente, preparado e quer construir, como o Eduardo Eugênio (Gouveia, presidente da Firjan) corta 30%. Se não, corta 50% — frisou Guedes, seguido de risadas da plateia que lotou o auditório da Firjan na tarde desta segunda.

Ele disse, ainda, que não “adianta cobrar sacrifícios dos outros e não dar o exemplo”.

Guedes não explicitou ao que se referia, mas a reforma trabalhista, aprovada no governo Michel Temer, acabou com o imposto sindical obrigatório, o que afetou as recentes de sindicatos e centrais sindicais, como a CUT. A assessoria de imprensa do futuro ministro informou que ainda não estão definidos detalhes de como será feito esse corte.

Após a palestra de Guedes, o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio, afirmou aos jornalistas presentes que concorda com a necessidade de revisão nos custos, mas destacou a importância do investimento em qualificação de mão de obra.

– As instituições no Brasil, privadas e públicas, merecem uma revisita para melhorarem os seus custos. O ministro Paulo Guedes, ao mesmo tempo que diz que quer cortar no orçamento dos “S”, diz que não quer  prejudicar as coisas que dão certo, as escolas  que estão funcionando, que estão entregando mudança de vida para as pessoas.  Portanto, estamos muito tranquilos, porque é um objetivo comum – destacou Eduardo Eugênio.

Segundo o executivo, os recursos totais para indústria, agricultura e comércio no Sistema S chegam a cerca de R$ 21 bilhões por ano. Mas afirmou que é possível encontrar sinergia entre essas áreas para “redefinir recursos”. Ele destacou, porém, a importância dos programas.

– Em todo mundo civilizado existem recursos públicos importantes para a qualificação de mão de obra, nós temos que dar chances à juventude descobrir  trabalhos cada vez melhores e cada vez tecnicamente mais qualificados – destacou.

José Ricardo Roriz, 2º vice-presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), e representante da entidade no almoço, diz que qualquer tipo de mudança no Sistema S, num momento em que a economia está voltando a crescer, deve ser “bem pensada, estudada e planejada”.

– Eu entendi que ele (Paulo Guedes) falou no sentido de buscar sinergia e eliminar excessos. O aperfeiçoamento deve levar em consideração que a qualificação é muito importante para a indústria. Num momento como esse, que a gente vai crescer, mexer na qualificação dos recursos humanos seria um freio no crescimento.

Fonte: O Globo