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Telefónica oferece R$20,1 bi por GVT

A Telefônica anunciou nesta terça-feira proposta de 20,1 bilhões de reais para compra da operadora brasileira GVT, mais que o dobro do valor oferecido pelo grupo espanhol cinco anos atrás, quando perdeu a disputa para a francesa Vivendi.

O anúncio da oferta fazia as ações da Telefônica Brasil despencarem mais de 5 por cento na Bovespa, diante de leituras iniciais de que o valor pela GVT é alto. Os papéis da rival TIM tombavam acima de 6 por cento, diante da avaliação do mercado de perda de interesse do grupo espanhol pela unidade brasileira da Telecom Italia.

A oferta envolve pagamento à vista de 11,962 bilhões de reais e o restante com a emissão de novas ações pela Telefônica Brasil, equivalentes a 12 do capital da empresa após a compra da GVT, operadora fundada em 2000 por Amos Genish, presidente-executivo e ex-oficial militar de Israel.

Além disso, em um esforço para cortar o custo do acordo, a Telefónica ofereceu à Vivendi a chance de adquirir 8,3 por cento de participação que possui na Telecom Italia, na qual tenta reduzir sua fatia para apaziguar preocupações de autoridades de defesa da concorrência no Brasil.

“Apesar do valor elevado, vemos esse fato como positivo para as ações da Telefônica, pois diminuiria um competidor em sua região (São Paulo) e permitiria à empresa expandir em outras regiões do Brasil no segmento fixo, especialmente onde a GVT já tem infraestrutura”, afirmaram analistas da CGD Securities em relatório.

Para os analistas, a oferta é negativa “para as ações da TIM, visto que afastaria a possibilidade da Vivo (marca usada pela Telefônica no Brasil) comprar a TIM”. Eles acrescentaram que “a fusão entre TIM e GVT não mais ocorreria, deixando a operadora móvel em posição isolada no mercado brasileiro”.

A Telefônica tentou comprar a GVT em 2009, em uma guerra de ofertas que acabou sendo vencida pela Vivendi.

Naquela ocasião, a unidade brasileira do grupo espanhol começou a disputa com oferta de 48 reais por ação da GVT, que depois foi elevada para 50,50 reais, equivalente a cerca de quase 7 bilhões de reais por toda a GVT, na época. A Vivendi acabou oferecendo 56 reais por papel da empresa em uma operação polêmica que foi classificada pelo presidente da Telefônica Brasil, Antônio Carlos Valente, como “gol de mão”.

A oferta desta terça-feira da Telefônica Brasil e da Telefónica foi feita depois que o presidente do Conselho de Administração e maior acionista da Vivendi, Vincent Bollore, disse no fim de junho que gostaria de manter seu último ativo restante de telecomunicações, apesar de se reposicionar como uma empresa de mídia.

Em comunicado, a empresa francesa disse que nenhuma de suas unidades está à venda, mas que vai considerar a oferta do grupo espanhol na próxima reunião de seu Conselho.

Segundo a Telefônica Brasil, a oferta é válida até 3 de setembro, mas o prazo pode ser ampliado.

O anúncio da proposta também ocorre em um momento de forte movimentação no mercado de telefonia no Brasil, com um edital bilionário de licenças 4G suspenso na segunda-feira pelo Tribunal de Contas da União (TCU), uma consolidação das empresas do grupo mexicano América Móvil no país e em que a Oi enfrenta grandes dificuldades financeiras diante dos efeitos do colapso do grupo português Espírito Santo.

Procurada, a Telefônica afirmou que não vai se manifestar sobre a oferta pela GVT além do comunicado enviado ao mercado. A empresa ainda não deu indicações claras sobre se vai participar do leilão das licenças 4G, que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) pretende realizar no começo de setembro. A Anatel também preferiu não comentar a oferta do grupo Telefónica pela GVT.

Fonte: Reuters