Com uma insuportável dor de dente, a dona de casa Maria Vanda, 40 anos, moradora da Travessa São Pedro, bairro Prado, em Salgueiro, procurou semana passada o postinho de saúde mais próximo de sua residência, retornou para casa indignada, com a mesma dor. Nesta Sexta-Feira Santa, dia 22, Maria acordou com o dente infeccionado, um enorme inchaço do lado direito do rosto e sem saber onde conseguir atendimento, já que a única unidade de saúde pública aberta no feriado, o Hospital Regional Inácio de Sá, só atende urgências.
Segundo Vanda a atendente do postinho de saúde localizado na Rua Honorato Marinho, no bairro em que ele reside, informou-lhe que o dentista só estava realizando atendimento através de encaminhamento da agente saúde da comunidade, que iria passar de casa em casa no bairro, registrando as fichas dos pacientes. O problema, de acordo com a dona de casa, é que a agente ainda não foi em sua residência. “Demorou de quatro a cinco meses pra chegar dentista nesse postinho e quando chega é essa dificuldade para atender”, reclama a cidadã, lembrando que o postinho foi inaugurado no final de 2010, mas só agora começou a atender efetivamente.
A Sexta-Feira Santa de Maria Vanda foi vivenciada dentro de casa. Envergonhada com o enorme inchaço do lado direito do rosto, a dona de casa, que não tem dinheiro para pagar um dentista particular e necessita dos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), está inconformada por não ter conseguido atendimento médico. Talvez se ela tivesse sido atendida quando procurou a Unidade de Saúde da Família na semana passada, poderia ter ido assistir a missa nesta sexta-feira, no entanto ficou em casa sustentando a cruz do descaso do poder público, da falta de respeito com quem paga impostos até por um bombom, da indiferença para com quem não pode pagar R$ 1 mil por um tratamento dentário.
Da redação do blog de Alvinho Patriota por Chico Gomes