A menos de seis meses da eleição, o governo prepara medida provisória que dará perdão a todas as dívidas de até R$ 10 mil dos agricultores do Semiárido com o Banco do Brasil e com o Banco do Nordeste. Somadas, as benesses chegam a R$ 1 bilhão, conforme os cálculos do Ministério da Fazenda.
Serão beneficiados cerca de 270 mil agricultores, de uma região que se estende por todo o Nordeste e áreas de Minas Gerais e Espírito Santo. O acordo para o perdão das dívidas está sendo fechado entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL).
Na terça-feira, eles tiveram a reunião decisiva que levou a um texto prévio da MP a ser baixada nos próximos dias. Pela medida, as dívidas acima de R$ 15 mil deverão ter um abatimento, mas sem o perdão total como as que alcançam até R$ 10 mil.
“Muita gente não tem como pagar essa dívida, que era de R$ 2 mil, e agora chegou a R$ 10 mil ou mais”, disse Renan. “Muitos pegaram o dinheiro para comprar uma ou duas vacas; hoje as vacas nem existem mais.” Segundo ele, as dívidas aumentaram por causa dos juros praticados no Brasil, o que inviabilizou a possibilidade de pagamento delas.
A pressão para o perdão das dívidas dos agricultores do Semiárido começou logo que o Congresso retomou seus trabalhos, em fevereiro. Ao examinar a Medida Provisória 472, que concede incentivos para a infraestrutura petroleira do Norte, Nordeste e Centro-Oeste e cria o regime especial para a aquisição de computadores para uso educacional, os senadores nordestinos iniciaram a pressão para que lá também fosse incluído o perdão das dívidas do Semiárido.
Fonte: O Estado de S. Paulo