Angra dos Reis

Decreto favorece construção de casas em áreas de proteção ambiental em Angra dos Reis

anngraEmbora a ocupação desordenada do solo possa se tornar um fator de risco para deslizamentos de terra, a instalação de novos empreendimentos na Área de Proteção Ambiental (APA) de Tamoios, na Ilha Grande, em Angra dos Reis, foi flexibilizada pelo governo estadual, no ano passado. No local, 29 pessoas morreram soterradas na sexta-feira (1º).

O Decreto 41.921, do governador Sérgio Cabral, de junho de 2009, autoriza a instalação de novos empreendimentos em zona de conservação de vida silvestre da reserva, formada por cerca de 100 ilhas, além de uma faixa costeira de cerca de 80 quilômetros. Anteriormente, só eram permitidas reformas e ampliações das construções.

O documento motivou uma série de protestos de entidades ligadas ao meio ambiente, do Ministério Público e até mesmo de órgãos de governo.

A administradora da APA de Tamoios, Mônica Mesquita, reconhece que o decreto não “está claro” e que foi aprovado “às pressas”. O problema é que, da maneira como está, o documento não estabelece de forma precisa o tamanho que as novas construções podem ocupar.

Questionado judicialmente, o governo estadual cedeu às pressões. O procurador federal em Angra dos Reis Fernando Amorim informa que a Secretaria Estadual do Ambiente não concedeu até hoje nenhuma licença com base no texto. E preferiu iniciar um novo plano de manejo, que deve ficar pronto em até quatro meses, antes de autorizar as construções.

Para o procurador, o decreto é “um desastre”. Mas não porque pode favorecer novas tragédias com a ocupação desordenada do solo. O problema, denuncia, além das implicações para a fauna e flora da região, é “anistiar quem não cumpre as leis ambientais” e ceder à especulação imobiliária, que historicamente avança sobre a costa sul fluminense.

“Angra [dos Reis] tem umas das legislações ambientais mais rigorosas do país. Mas a sensação é de que ela é de faz de conta. As pessoas não respeitam. Ou não respeitam porque não têm meios econômicos e são empurradas para encostas e várzeas ou não respeitam porque se acham acima da lei. Temos várias situações de mansões embargadas aqui”, explicou.

Fonte: Agência Brasil

Chega a 50 o número de mortos em Angra

angraA Defesa Civil confirmou no início da tarde de ontem que 50 corpos foram encontrados na região de Angra dos Reis. Até o início da tarde, mais quatro vítimas foram encontradas soterradas no Morro da Carioca, no Centro de Angra.

Os bombeiros trabalham com a possibilidade de que mais pessoas podem estar sob os escombros. Com isso, sobe para 72 o número de mortos em decorrência das chuvas em todo o estado do Rio.

“Um dos corpos encontrados era de uma criança, que não estava na lista de desaparecidos. Como uma criança não chega sozinha a lugar nenhum, ela poderia estar em companhia de adultos que também podem estar soterrados”, explicou o subscretário de Defesa Civil do estado, coronel bombeiro Pedro Machado.

‘ABORTO DA NATUREZA’

Mais cedo, o prefeito de Angra, Tuca Jordão (PSDB-RJ), visitou o morro atingido e classificou o ocorrido como “um aborto da natureza”. Em decreto, ele proibiu novas construções e acréscimos em 16 morros do Centro. Segundo a prefeitura, 100 casas devem ser demolidas.

Uma estrutura que atuará como um muro de contenção será construída no morro para evitar o impacto da terra sobre novas casas em caso de novos deslizamentos. Nesta segunda (4), moradores da região foram autorizados a retirar seus pertences das casas ameaçadas.

Fonte: Portal G1