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São José e Santo Antônio ganham livro: “viagem” por quatro séculos de história

Meu guru desde os tempos de convivência no Partido Verde, o engenheiro, economista ambiental, escritor e historiador Jacques Ribemboim lança mais um livro voltado para o resgate da história da nossa cidade e do seu povo.  Dessa vez, com um olhar ainda mais abrangente,  com uma verdadeira viagem do século 17 aos nossos dias. Dois Bairros Irmãos – O Patrimônio Imaterial dos Bairros de Santo Antônio e São José será lançado neste sábado (8 de junho), a partir das 16h na Academia Pernambucana de Letras.  O evento conta, ainda, com  apresentação de documentário de 30 minutos, dirigido pelo cineasta Osman Godoy. A publicação (R$ 50) é um presente para todos aqueles que amam o Recife e lutam pela preservação e memória do seu patrimônio.

O livro, segundo o autor, é um inventário dos bens de natureza imaterial de Santo Antônio e São José, locais que estão bem esquecidas pelas gestões públicas. É só dar uma volta entre os dois para se observar cenas de abandono, principalmente no segundo, onde fica o mercado público mais antigo do Brasil. “O centro encontra-se esquecido por muitos e a população precisa despertar e voltar a amar o centro do Recife”, diz Jacques. “Principalmente os jovens, acostumados à Internet e à visita fácil ao shopping center”, acrescenta. E aconselha: “A primeira coisa a fazer é informá-los dessa nossa riqueza cultural e afetiva”.  De acordo com o Iphan, os bens imateriais podem ser classificados como saberes, celebrações, formas de expressão, lugares, assim como lendas e o imaginário popular.  Ou seja, várias manifestações.

“Os bens descritos no livro vão desde aspectos da culinária local até as festividades religiosas e as influências dos imigrantes nos territórios dos dois bairros”, antecipa. Ele lembra que,  se antes, quando se falava em patrimônio histórico se pensava apenas nas construções, o conceito agora é bem mais amplo, incluindo aspectos da oralidade e das tradições comuns.  “O Mercado de São José, as procissões católicas, as agremiações carnavalescas, os cultos de origem africana e mais recentemente, o fenômeno que é o Galo da Madrugada, são marcas da herança cultural desses dois bairros”, destaca. “A ideia do livro é abordar ao longo do tempo, o que chega aos dias atuais. É um inventário do que recebemos dos nossos antepassados”. O livro é resultado de pesquisa em equipe, concluída há dois anos, com coordenação, edição e texto final de Jacques (foto ao lado). A publicação tem 302 páginas e ilustrações – belíssimas por sinal – a cores.

Ele tem outros livros de história, entre os quais Pernambuco de Fernão, que mostra a origem do nome de Pernambuco como “Boca de Fernão”, alusão à embocadura onde embarcavam madeira para Europa, no período em que o Brasil foi arrendado a Fernão de Noronha. E Um Forte sobre as Águas, no qual resgata a  importância do Forte do Picão, que, apesar de constar nos brasões de Pernambuco e do Recife, foi demolido em 1910. Recentemente o Grupo Caminhadas Culturais criou um movimento para que a existência do monumento não seja esquecida. No caso de São José e Santo Antônio, o que não falta é história. “Costumo dizer que o Recife começa pelo seu porto. O século 16 foi muito concentrado no istmo do Recife, mas já no século 17, a partir da chegada dos holandeses, a cidade cresce e ocupa esses dois bairros, que na época eram chamados de Ilha de Antônio Vaz, ou Cidade Maurícia. A partir de então, passam a ser palcos de episódios históricos da mais alta importância, como nas revoluções de 1817 e 1824. Nos anos mais recentes, Santo Antonio passa a concentrar a administração pública e as atividades jurisdicionais e de imprensa; enquanto São José se mostra mais popular, inclusive local de residência de famílias menos abastadas e também dos imigrantes”, diz.

Fonte: Oxe Recife