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Putin é reeleito na Rússia, mas último dia do pleito é marcado por atos dentro e fora do país

Milhares de russos ao redor do mundo inteiro aderiram neste domingo ao “Meio-Dia sem Putin”, um movimento de resistência contra a reeleição do presidente Vladimir Putin, que era dada como certa em um pleito sem opositores reais. A vitória, amarga, de Putin, foi confirmada minutos após o fechamento das urnas: o presidente foi eleito pela quinta vez com 87% dos votos, dez pontos percentuais a mais do que em 2018, em uma votação que durou três dias e contou com comparecimento recorde de 74,22%, segundo a Comissão Eleitoral Central (CEC).

Os atos foram convocados pelo opositor Alexei Navalny antes da sua morte, no mês passado, em circunstâncias ainda pouco claras, e foram encorajados por sua viúva, Yulia Navalnaya, que passou várias horas na fila para votar na embaixada russa em Berlim, neste domingo. Assim como ela, centenas de russos na diáspora aderiram ao protesto em países como Brasil, França, Austrália, Japão, Armênia, Cazaquistão e Reino Unido.

Até dentro da Rússia, onde atos opositores costumam ser fortemente reprimidos, o movimento contou com adesões, ainda que tímidas. No país, centenas de pessoas foram detidas desde sexta-feira, quando começaram as eleições, por atos de vandalismo em colégios eleitorais, e em meio ao aumento dos bombardeios ucranianos e incursões de grupos pró-Ucrânia em território russo. Apenas neste domingo, 85 pessoas foram presas segundo o grupo de defesa dos direitos humanos OVD-Info.

Denis, um jovem de 21 anos que trabalha na área publicitária, disse que compareceu ao protesto para “expressar sua solidariedade” e “honrar a memória de Navalny”. Em Marino, um bairro de Moscou, Natalia, de 65 anos, confirmou que se uniu à concentração para se despedir do líder opositor, a quem chamou de “herói”.

— É única oportunidade de expressar alguma opinião.

Seis horas para votar

Se Putin goza de popularidade dentro da Rússia, a nova geração da diáspora russa — estimativas diversas dão conta de, ao menos, centenas de milhares de russos emigrados para mais de cem países desde fevereiro de 2022 — tende a ser crítica do governo e mais engajada politicamente do que o cidadão russo médio, apontam especialistas.

— Quisemos dar às pessoas a oportunidade de ver umas as outras. É muito importante que vejam que não estão sozinhas — disse ao GLOBO Yulia Abdullaeva, uma das organizadoras do ato em Berlim.

Na capital alemã, na fila que chegava a durar seis horas, uma das presenças mais celebradas foi a da viúva de Navalny, que tirou selfies e foi aplaudida por uma multidão. Após votar, Navalnaya disse a jornalistas e apoiadores que escreveu o nome do marido na cédula.

Fonte: O Globo