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Pacientes do Rio esperam anos por cirurgia de catarata que Crivella prometeu a fiéis e pastores

Na reunião que teve com líderes religiosos e pastores evangélicos, o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, não mediu esforços ao oferecer ajuda aos convidados. Entre as facilidades prometidas, cirurgias de catarata realizadas pelo município e ponto de ônibus próximos de igrejas.

No caso das operações, o prefeito cita até prazo para elas sejam realizadas, como mostrou o RJ2 sexta-feira (6).

“Nós estamos fazendo o mutirão da catarata. Contratei 15 mil cirurgias até o final do ano. Então, se os irmãos tiverem alguém na igreja com problema de catarata… O que é a catarata? Quando a gente envelhece, o cristalino, essa bolinha que todos nós temos dentro do olho fica opaca. (…) E, se os irmãos conhecerem alguém, por favor, falem com a Márcia, ou com o Marquinhos. É só conversar com a Márcia que ela vai anotar, vai encaminhar, daqui a uma semana ou duas a gente tá operando”, declarou o prefeito.

Márcia, como exibiu a reportagem, é Márcia Nunes. Ela acompanha Crivella há bastante tempo, desde quando ele era senador. Nas redes sociais, aparece junto ao prefeito e a família dele.
Na prefeitura, ela ocupa uma função de confiança como coordenador técnico, desde 1º de janeiro do ano passado, dia em que Crivella assumiu a administração municipal. O RJ2 perguntou ao município quais são as atribuições de Márcia, mas a assessoria não respondeu ao questionamento.

Quem também não teve resposta foi Wilma, mulher do Mário, de 82 anos. Há meses, ela tenta falar com a prefeitura, mas não consegue. A única coisa que Wilma pretendia era ter a mesma agilidade que Crivella falou que a Márcia consegue. O marido dela espera a cirurgia para catarata há 2 anos.

“Eu fui lá, pergunei à secretária: ‘Aqui tá dizendo que tem um mutirão?’ Ela falou: Aqui não tem mutirão. Aqui falta material e lente. É bom esperar em casa e vai esperar mais ou menos um ano”, disse Wilma.

Enquanto Mário espera, tem gente que, para conseguir a cirurgia, basta solicitar por e-mail. Num deles, obtido pela reportagem, com título “Mutirão catarata”, a pessoa pergunta: “você pode ver a possibilidade de incluir esse paciente? Não sei se ele está listado no Sisreg”. Era um pedido de um colaborador.

A ficha do paciente foi obtida pelo RJ2. Ele é de São Gonçalo, na Região Metropolitana, e o pedido de operação foi no dia 8 de junho. O procedimento foi autorizado por Sônia Capellão e marcado para 12 dias depois, dia 20 de junho.

Enquanto o paciente de São Gonçalo fura fila, tem paciente esperando a cirurgia de catarata há anos. Em consulta ao Sistema de Regulação do Rio (Sisreg), a reportagem descobriu que são 7,5 mil pacientes esperando a chance de operar.

Fonte: G1