Ói Deus, nóis tá sempre pedindo as coisas pro sinhô.
Nóis pede dinhero, nóis pede trabaio, nóis pede pra chovê…
E se chove demais nóis pede pra pará, mode a coiêta num afetá.
Nóis pede amô, nóis pede pra casá,
Pede casa pra morá, nóis pede paiz.
Nóis pede pra dislindá os nó quando as coisas comprica, mode a vida corrê mió.
Quando a coisa aperta nóis ora pedindo tudo que nos farta.
É uma pedição sem fim!
Se as coisa dá certo, nóis vai na igreja mais perto, canta uns corin de devoção, nóis levanta as mãos e coloca no saquinho uns tostão.
Mais hoje, meu sinhô Jesus, bateu uma coisa isquisita e eu me puis a matutá…
Nóis pede, pede e pede, mais nóis nunca pregunta:
– Cumê que o sinhô está?
Se tá triste ou contente com nóis,
Se carece darguma coisa que nóis pode fazê… E por esse esquecimento todo:
O sinhô há de nos descurpá. Só muito agradecido pur tudo! Num sô merecedô de coisa arguma. Mais amo o sinhô, não só pelas coisa que pode me dá, mas pruquê o sinhô ama nóis demais da conta.
Perdôa as nossas faias. Amém.
Autor desconhecido