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Morte de miss eleva tensão na Venezuela

A venezuelana Génesis Carmona tinha apenas 22 anos. Estudante de ciências sociais na Universidade de Carabobo, ela se tornou famosa ao ser eleita miss Turismo do Estado de Carabobo em 2013. Mas além da carreira de modelo, ela foi às ruas fazer política, participando de manifestações contra o governo do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. Os protestos se tornaram violentos. Na terça-feira (18), ela foi baleada na cabeça, e morreu nesta quarta-feira (19).

Génesis é a quarta vítima dos protestos que se espalham por várias cidades da Venezuela contra o governo de Maduro. O país vive uma situação de tensão desde a semana passada, quando o líder oposicionista radical Leopoldo López convocou uma manifestação para tentar tirar Maduro do poder. O protesto terminou em mortes, e López foi preso acusado de incitar a violência.

O caso da miss aconteceu em Valencia, no Estado de Carabobo, a oeste da capital Caracas. A cidade atraiu grande número de estudantes desde a manifestação de 12 de fevereiro. Estudantes montaram acampamentos e fecharam as principais avenidas próximas à Universidade de Carabobo. O governo de Carabobo, controlado pelo chavista Francisco Ameliach, perdeu a paciência com os estudantes. Na segunda-feira, um dia antes de Génesis ser alvejada, Ameliach convocou as Unidades de Batalha Bolívar – Chávez para as ruas para, nas palavras dele, preparar um “contra-ataque fulminante contra os fascistas”.

As Unidades de Batalha Bolívar – Chávez são grupos de base do Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), o partido do presidente Nicolás Maduro. Elas foram criadas pelo ex-presidente Hugo Chávez para ser o “vínculo entre a sociedade e o governo” e “defender a revolução socialista”. Na prática, essas unidades funcionam como uma poderosa estrutura de militância que ajudou a eleger Chávez e Maduro.

Ainda é incerto se membros dessas unidades são responsáveis pela morte da miss. Segundo o jornal El Universal, o caso ocorreu na tarde de terça-feira, quando um grupo de motoristas ainda não identificados lançaram pedras, garrafas e atiraram contra manifestantes. Oito estudantes foram feridos a bala. A miss foi a única atingida na cabeça, mas outro estudante foi ferido no peito, próximo ao coração, e está em estado grave.

Nesta quarta-feira, um novo incidente em Valencia deixou dois estudantes feridos. Os relatos são parecidos: motoristas não identificados dispararam contra manifestantes. Uma hipótese é que teria sido algo próximo de uma briga de trânsito, já que os estudantes bloqueavam as ruas. Segundo testemunhas, no entanto, membros das unidades chavistas são responsáveis pelo ataque. A oposição também culpou os governistas. “Faço um chamado a Ameliach para que desarme imediatamente os grupos que estão emboscando e matando estudantes”, disse o deputado Carlos Berrizbeitia.

Os atentados contra os estudantes tornaram a situação em Valencia ainda mais explosiva. Desde os primeiros relatos de tiros, mais e mais jovens se juntaram às manifestações. Protestos se espalham em várias cidades do país. Manifestantes bloquearam ruas e fizeram barricadas. Na capital Caracas, partidários de Leopoldo López ocuparam o Palácio da Justiça, onde o opositor deve se apresentar perante o tribunal. Enquanto isso, a Justiça emitiu mais um mandado de prisão a um opositor, o coordenador de campanha Carlos Vecchio. Sua prisão deve inflamar ainda mais os protestos no país.

Fonte: ÉPOCA