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Ministro defende apuração de cartel até se ameaçar PT

Um dia depois de o principal órgão de controle do governo federal anunciar que vai apurar contratos do cartel do transporte sobre trilhos com a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou ontem que “só não será investigado quem não errou”.

A Controladoria Geral da União (CGU) deu início a uma ofensiva, na semana passada, para investigar, em duas frentes, ramificações do cartel formado por empresas do setor metroviário em São Paulo e no Distrito Federal. “Doa a quem doer, a investigação tem que ser feita em qualquer Estado ou país”, afirmou, em evento no Palácio do Planalto para familiares de servidores e terceirizados.

Uma das investigações da CGU terá como foco uma avaliação preliminar de contratos firmados por estatais federais com as empresas envolvidas no cartel. Desde 2003, R$ 401 milhões em recursos da União já foram repassados a cinco fornecedoras de equipamento, algumas delas, agora, sob suspeita de terem pago propina e formado cartel a partir da investigação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) sobre o caso paulista.

Questionado se há risco de as acusações atingirem administrações do PT, o ministro destacou que o foco principal não está no plano federal, mas em São Paulo.

“Só não será investigado quem não errou nesse nosso governo. Vamos esperar com tranquilidade as investigações e esperar que, depois, seja julgado e condenado quem tiver que ser”, disse.

Entre as cinco fornecedoras da CBTU e também da Trensurb estão a espanhola CAF, a francesa Alstom e a alemã Siemens. Além dos R$ 401 milhões já repassados, há ainda outros R$ 425 milhões a serem recebidos por duas das empresas.

A CGU esclareceu que a verificação inicial dos contratos “subsidiará a análise quanto à necessidade de ações de controle (auditoria) específicas”.

Receio. Promotores de Justiça que investigam o caem São Paulo anunciaram anteontem que vão pedir intervenção, em nome do Ministério Público Estadual, na ação judicial que o governo Geraldo Alckmin propôs contra a multinacional alemã. Os promotores avaliam que a ação é “absolutamente prematura, precipitada”.

A ação foi ajuizada na quinta-feira pela Procuradoria Geral do Estado e pede ressarcimento de danos ao patrimônio público supostamente ocorridos pelo cartel. Os promotores sustentam que a ação pode “atrapalhar a recuperação do dinheiro público desviado”.

Fonte: O Tempo