Os manifestantes que ocuparam a sede da Câmara dos Vereadores do Recife (CMR) deixaram o local na madrugada desta sexta-feira. O grupo, formado por cerca de 50 pessoas, saiu do prédio por volta das 3h da manhã. De acordo com a segurança, não havia sinais de depredação ou pichação.
Ontem, representantes do movimento a favor do passe livre para estudantes e desempregados e da instalação de uma CPI do transporte público voltou às ruas e, desta vez, de forma inusitada: no fim da audiência pública promovida pelo vereador Raul Jungman (PPS) para discutir o tema, dezenas de manifestantes decidiram acampar no plenarinho da Câmara de Vereadores ao longo da madrugada. O grupo, formado em sua maioria por estudantes, garantiu que só deixaria o local com a aprovação da CPI, a soltura de detidos no protesto em frente à casa legislativa e a divulgação de uma data para a votação do projeto que trata do passe livre apresentado pela União de Estudantes Secundaristas de Pernambuco (Ubes). Até as 23h de ontem, eles permaneciam no local.
A movimentação causou muito transtorno no trânsito do Centro do Recife. As ruas do entorno da Câmara ficaram interditadas depois que manifestantes tocaram fogo em pneus. Usuários de ônibus deixaram os coletivos para seguir a pé. Durante a audiência, o vereador Raul Jungman aprovou requerimento pedindo a instalação da CPI, mas, para ser votado na casa, é necessária a assinatura de pelo menos 13 vereadores, ou seja, a adesão de um terço mais um dos 39 parlamentares. Até o fechamento desta edição, quatro deles assinado, todos da oposição: Raul Jungman, Priscila Krause (DEM), André Régis (PSDB) e Wanderson Florêncio (PSDB). Outros estiveram no plenarinho, mas deixaram o espaço antes do fim.
O presidente da Câmara, Vicente André Gomes (PSB), questionou a votação na casa do projeto passe livre e da CPI, já que o transporte público abrange a região metropolitana. “No meu entendimento, a Câmara não pode legislar sobre o assunto e sim a Assembleia Legislativa. De toda forma, a CPI precisa ser instalada para ser questionada na Justiça”, afirmou.
No início da noite, a PM bloqueou o acesso à Câmara, além da entrada de comida e bebida, que estavam sendo solicitadas pelos manifestantes via redes sociais. Durante os protestos, um traseunte, Jéferson Alves Ferreira, foi ferido com um tiro de borracha, socorrido à UPA e encaminhado à Delegacia de Santo Amaro, onde aguardava um advogado do Centro Popular de Direitos Humanos, que apoiou o movimento.
Fonte: Diario de Pernambuco
