A compra de uma refinaria nos Estados Unidos pela Petrobras causou um prejuízo de bilhões para a empresa. A oposição tenta recolher assinaturas para a criação de uma CPI. Os repórteres do Bom Dia Brasil em Nova York descobriram mais detalhes sobre a operação. São informações que comprovam que a empresa belga já comprou a refinaria disposta a vender para a Petrobras.
Essa informação está nos balanços do conglomerado belga. Os repórteres Daniel Wiedemann e Helter Duarte, em Nova York, descobriram que o negócio foi considerado pelo grupo belga um sucesso além das expectativas.
Essa avaliação foi publicada nos balanços da CNP, o conglomerado empresarial que comanda o grupo Astra Transcor. Foi o grupo Astra quem vendeu a refinaria para a Petrobras. No balanço de 2005, disponível no site da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, a empresa afirma que a parceria com a Petrobras acabou sendo um ‘sucesso financeiro além de qualquer expectativa razoável’. No balanço de 2006, ano em que a Petrobras, de fato, pagou por metade da refinaria, a Transcor Astra teve um lucro recorde.
No mesmo balanço, a CNP mencionou aos acionistas a cláusula do put option, explicando que, sob certas circunstâncias, poderia obrigar a Petrobras a comprar a outra metade da refinaria.
Em 2007, antes mesmo de entrar em disputa com a Petrobras, a empresa belga passou a considerar a venda da segunda metade da refinaria de Pasadena.
A imprensa belga publicou reportagem sobre o caso. O jornal de economia ‘L´Echo’ ressaltou que conglomerado belga comprou a refinaria em 2005 por US$ 42 milhões e embolsou mais de US$ 1 bilhão em 2012, quando a revendeu para a Petrobras.
Parlamentares querem que a Procuradoria-Geral da República investigue se houve omissão da presidente Dilma Rousseff na compra da refinaria. Na época do negócio, Dilma era ministra da Casa Civil e presidente do conselho de administração da estatal.
O documento foi levado por parlamentares ao procurador-geral da República. É o primeiro pedido específico de investigação contra a presidente Dilma, no caso da compra da refinaria de Pasadena.
“Solicitamos à Procuradoria-Geral da República, e em especial ao procurador-geral, que tem o foro especial de investigar a presidente da República, que investigue a circunstância, se a presidente, depois de recorrido tanto tempo, que deveria ter o dever de agir e não agiu”, disse o senador Randolfe Rodrigues.
O escalado para a defesa foi ministro da Justiça. “É uma tentativa clara de fazer uma cirurgia na realidade para focar a investigação na figura da presidente da República, omitindo os outros membros do conselho de administração. Não é correto que nós façamos omissões da realidade para transformar situações que já estão sendo investigadas em disputa eleitoral”, afirmou Eduardo Cardozo.
Quando Dilma apoiou o negócio, ela era a presidente do conselho da Petrobras, que deu aval para o negócio. No Congresso, partidos de oposição lotaram uma sala, articularam e decidiram ir atrás de apoio para uma CPI de deputados e senadores. Passaram o dia desfilando com as assinaturas já conseguidas, mas ainda insuficientes.
“O que nós queremos com a CPMI não é condenar prematuramente. Ao contrário, é dar oportunidade para que as investigações efetivamente ocorram”, afirmou o senador Aécio Neves.
“Nós contribuirmos para um palco para a oposição tentar desgastar o governo, é claro que nós não daremos essa contribuição”, ressaltou o deputado Arlido Chinaglia.
O governo está disposto a levar autoridades para explicar o negócio da refinaria norte americana. Avaliado que, no momento, é o bastante. Considera que não há fatos novos. Por isso governistas ajudaram a aprovar, em duas comissões do Senado, convites para a vinda da atual presidente da Petrobras, Graça Foster, e do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ainda sem data marcada.
Em entrevista exclusiva ao jornal ‘O Globo’, a presidente da Petrobras Graça Foster disse que decidiu abrir uma comissão interna para investigar a compra da refinaria de Pasadena. Segundo a reportagem, Graça Foster disse que vai extirpar erros e investigar tudo o que for preciso.
Fonte: Bom Dia Brasil
