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Ex-diretor da Petrobras repete 18 vezes que não tinha nada a declarar

O ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava-Jato da Polícia Federal, foi, nesta quarta-feira (17), à CPI composta por deputados e senadores. Mas repetiu, 18 vezes, que não tinha nada a declarar.

Paulo Roberto Costa saiu de Curitiba, onde está preso, em um avião da Polícia Federal, que chegou a Brasília no fim da manhã. O comboio com o ex-diretor da Petrobras foi direto para o Congresso Nacional. Na chegada, Paulo Roberto entrou rapidamente, cercado por agentes.

É a segunda vez que o ex-diretor vai ao Congresso. Em junho, ele foi ouvido na CPI exclusiva do Senado. Sem a oposição, que se retirou reclamando que não tinha autonomia para investigar. No depoimento, negou as acusações de corrupção envolvendo a Petrobras. Disse ainda que não se considerava um homem bomba: “Repudio veementemente que a Petrobras era uma casa de negócios, que existia organização criminosa dentro da Petrobras”, afirma Paulo Roberto Costa.

Na época, os senadores governistas gostaram das respostas de Paulo Roberto. O senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, chegou a dizer “que o depoimento foi satisfatório”.

Mas no final de agosto, Paulo Roberto mudou de versão. Decidiu fazer um acordo de delação premiada, contar tudo que sabe, em troca de redução de pena. E vem prestando depoimentos à Policia Federal e ao Ministério Público.

Segundo reportagem da revista Veja, ele já contou que três governadores, um ministro e pelo menos 25 deputados federais e seis senadores, parlamentares do PT, PMDB e PP, partidos da base aliada do governo estão envolvidos em desvio de dinheiro da Petrobras.

Nesta quarta-feira (17), antes da reunião da CPI, a dúvida era se Paulo Roberto Costa iria falar.

“A lei impede que qualquer pessoa, qualquer pessoa, se refira a eventual delação e a seu conteúdo. É isso, é imposição de sigilo legal”, explica o Procurador-geral da República Rodrigo Janot.

A sessão começou com uma longa discussão: se o depoimento deveria ser aberto ou fechado. Houve bate-boca. Paulo Roberto chegou e já avisou: “Eu vou me reservar ao direito de ficar calado”.

Senadores e deputados da oposição insistiram numa sessão fechada. Achavam que assim Paulo Roberto Costa poderia mudar de ideia e falar, mas os governistas que defendiam a sessão aberta, mesmo com ele preferindo o silêncio, venceram. Foram dez pela sessão aberta e oito para a fechada.

O Procurador-Geral da República já está com os depoimentos de Paulo Roberto Costa no processo de delação premiada. Rodrigo Janot vai começar a análise dos documentos mesmo antes da conclusão da delação no Paraná. Paulo Roberto dormiu em Brasília e só volta a Curitiba nesta quinta-feira (18).

Fonte: Jornal Nacional