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Egito proíbe rede de TV Al-Jazeera de operar em seu território

29_mhg_mun_egito33Mortos em protestos podem passar de 100

O Egito anunciou, neste domingo, o encerramento das operações da emissora de TV árabe Al-Jazeera no país. O ministro da Informação ordenou a suspensão das operações, o cancelamento de suas licenças e a retirada da acreditação de todo o seu pessoal, segundo a agência oficial de notícias Mena. Maior emissora de televisão do Qatar, a Al-Jazeera fazia uma ampla cobertura das manifestações contra o regime de Hosni Mubarak, transmitindo em tempo real o movimentos nas ruas das principais cidades egípcias, Cairo, Alexandria e Suez, com comentários em inglês e árabe.

A Al-Jazeera recebeu uma notificação das autoridades egípcias na manhã deste domingo. Em comunicado, a rede de TV árabe condenou fortemente o fechamento de seu escritório no Cairo e afirmou que a decisão das autoridades do Egito de proibir a cobertura das manifestações tem como objetivo “silenciar o povo egípcio”.

“A Al-Jazeera recebeu aclamação global por sua cobertura no Egito”, diz o texto. “A Al-Jazeera vê isso como um ato destinado a sufocar e reprimir a liberdade de comunicação”.

“Neste momento de profunda agitação e inquietação na sociedade egípcia, é imperativo que as vozes de todas as partes sejam ouvidas. O encerramento do nosso gabinete pelo governo egípcio visa a censura e o silenciamento das vozes do povo egípcio”, diz o comunicado. “A Al-Jazeera garante à sua audiência no Egito e em todo o mundo que vai continuar o seu relato aprofundado e abrangente sobre o desenrolar dos acontecimentos no Egito”.

(Protestos afetam bilionária indústria turística do Egito)
Pode passar de 100 o número de mortos nas manifestações contra o governo, que começaram na terça-feira. Mais de 2 mil pessoas teriam ficado feridas. Ainda não há, no entanto, dados oficiais sobre as vítimas.

O Exército tenta restaurar a ordem em meio a saques e tentativas de ataque e invasão de prédios do governo. Na sexta, o Museu Egípcio foi saqueado durante os protestos e duas múmias faraônicas foram danificadas. A polícia deixou as ruas temporariamente. Apesar de domingo ser um dia útil no mundo árabe, escolas, escritórios do governo, bancos e a bolsa de valores egípcia permanecem fechados. Os transportes também seguem interrompidos em grande parte das cidades, e o metrô do Cairo funciona de forma parcial. O serviço de telefonia móvel foi parcialmente restaurado no sábado.

Por precaução, a Embaixada dos Estados Unidos aconselhou, neste domingo, os americanos a deixar o país o mais rapidamente possível. No sábado, o governo de Israel já tinha anunciado que repatriaria as famílias dos funcionários da delegação diplomática no Cairo e outros israelenses que estavam na cidade.

Numa tentativa de acalmar os ânimos da população, Hosni Mubarak iniciou uma reformulação completa do seu governo. Após a renúncia de seus ministros, no sábado, ele indicou o chefe de segurança do seu governo, Omar Suleiman, para o cargo de vice-presidente. Foi a primeira vez em 30 anos que o cargo foi preenchido. Além disso, o ex-ministro da Aviação Civil, Ahmad Shafic, foi confirmado pelo governo como primeiro-ministro.

Hosni Mubarak recusa-se a deixar a presidência, apesar da pressão da população. Como reforço à posição de Mubarak, o Parlamento egípcio anunciou neste sábado que não tem planos para antecipar as eleições.

Fonte: Reuters