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Diretoras do IBGE pedem exoneração após adiamento de pesquisas

ibgeO IBGE está em crise. A ponto de fazer uma declaração oficial em que nega ter havido interferência política na decisão de suspender até 2015 a divulgação dos resultados da Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua. E outras duas pesquisas também foram adiadas.

Três pesquisas adiadas. O resultado foi uma crise no instituto responsável pelos dados estatísticos que ajudam a traçar o perfil do país.

Na semana passada, o IBGE decidiu adiar a pesquisa de orçamento familiar e a contagem da população. E suspendeu a divulgação dos resultados da PNAD Continua.

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua hoje traz informações sobre emprego mas no futuro vai tratar também de condições de moradia, educação e renda.

A decisão foi motivada por um pedido dos senadores Gleise Hoffman do PT do Paraná, ex-Ministra da Casa Civil, e Armando Monteiro, do PTB de Pernambuco, que questionaram a metodologia da renda per capita calculada pela PNAD Contínua.

A renda per capita domiciliar é uma informação valiosa. Uma lei complementar que entra em vigor em 2016 determina que este dado vai servir para calcular a divisão do Fundo de Participação dos Estados, uma verba do Governo Federal destinada aos estados com o objetivo de melhorar a distribuição de renda no país.

Depois da decisão, a diretora de pesquisas do IBGE e diretora da Escola Nacional de Ciência e Estatísticas pediram exoneração.

A presidente do IBGE alegou corte no orçamento e falta de profissionais suficientes para fazer os levantamentos. E disse suspendeu a divulgação da PNAD para poder fornecer as informações sobre renda no prazo previsto pela nova lei.

“O IBGE descobriu muito recentemente, infelizmente que o seu prazo, que ele acreditava que era janeiro de 2016, na verdade era até janeiro de 2015. A questão de suspender a divulgação, ela é na verdade a questão de suspender todas as outras atribuições da equipe e se concentrar exclusivamente no atendimento, na construção desta variável no prazo requerido”, declara Wasmália Bivar, presidente do IBGE.

Os coordenadores de pesquisa do IBGE divulgaram nota para esclarecer que não há interferência política no instituto.

Em comunicado, os técnicos responsáveis pela pesquisa afirmam que não veem razão para a interrupção da divulgação da PNAD Contínua. E que mesmo que houvesse necessidade de estudos adicionais sobre esse tema, seria possível conciliar as duas tarefas, apesar das restrições de recursos orçamentários e humanos que afetam o instituto.

“No mínimo o que deveria ser construído é com a equipe que trabalha, que pensa essa pesquisa, um processo de debate para ver se era necessário maiores esclarecimentos ou um debate interno sobre a perspectiva de mudança de metodologia”, afirma Ana Magni, diretora executiva do ASSIBGE.

Em nota, o Ministério do Planejamento voltou a afirmar que o IBGE tem autonomia para tomar decisões sobre as pesquisas. E reiterou a confiança no corpo técnico do instituto para adequar a PNAD Contínua à nova legislação.

Fonte: Jornal Nacional