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Dilma diz que crise política atrasa volta do crescimento e reitera apelo por unidade

A presidente Dilma Rousseff aproveitou o Dia Internacional da Mulher, celebrado nesta terça-feira, para fazer um apelo ao diálogo e à unidade no Brasil e afirmou que a “sistemática crise política” enfrentada pelo país atualmente é um dos componentes que ajudam a atrasar a retomada do crescimento da economia brasileira.

Em discurso durante cerimônia de assinatura de portaria sobre a realização de cirurgias reparadoras, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em mulheres vítimas de violência, a presidente lembrou a data e fez a avaliação de que já há sinais de melhora na economia, como a queda da inflação.

Ao condenar a violência contra as mulheres, Dilma disse que um quadro de paz é importante para todos, mas principalmente para os governos, em um momento de turbulência política, agravada pela suposta delação premiada do ex-líder do governo no Senado Delcídio do Amaral (PT-MS), e pela condução coercitiva para prestar depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na semana passada.

“Ter um quadro de paz é fundamental, principalmente para os governos. Governos precisam de paz, para que nós possamos ter condições de enfrentar a crise e de retomar o crescimento”, disse Dilma.

“Hoje o Brasil passa por uma fase em que fica claro que não é possível que a gente não veja que um dos componentes que atrasam a retomada do crescimento é a sistemática crise política em que o Brasil, de forma episódica, vem sendo submetido. Episódica por quê? Porque ela vai e vem, porque ela se acentua e depois recua.”

Em sua suposta delação, revelada na semana passada pela revista IstoÉ e ainda não homologada pela Justiça, Delcídio teria feito acusações contra Lula e Dilma. A presidente rejeitou as acusações e classificou a suposta delação de “vingança” de Delcídio, preso em novembro na operação Lava Jato e solto em fevereiro.

Além disso, a 24ª fase da operação, que investiga um esquema bilionário de corrupção na Petrobras, teve Lula como principal alvo, por conta de suspeitas de que ele teria sido beneficiado por vantagens indevidas dadas por empreiteiras investigadas na operação.

O ex-presidente, que nega quaisquer irregularidades, foi obrigado a prestar depoimento à Polícia Federal na última sexta em uma ação criticada por Dilma, que manifestou “inconformismo” com a decisão do juiz federal Sérgio Moro de determinar a condução coercitiva de Lula.

Em discurso nesta terça, Dilma também fez a avaliação de que a redução na alta dos preços sinaliza que a economia pode se recuperar e pediu unidade e compreensão ao país.

“Na verdade, nós estamos vendo já sinais de que a economia pode se recuperar. Um desses sinais é a redução da inflação, que beneficia todo mundo, e as mulheres em especial. Nós temos hoje um quadro, uma perspectiva, de ter uma inflação cada vez menor”, disse Dilma.

“Nesse momento e nesse dia, que é um dia sobretudo de luta contra o preconceito, de luta contra a intolerância, nada melhor do que um apelo ao diálogo, à compreensão e à unidade do nosso país.”

O apelo da presidente vem em um momento em que os partidos de oposição no Congresso Nacional aumentam a pressão pela continuidade da tramitação do pedido de abertura de processo de impeachmemt contra Dilma, após os episódios envolvendo Lula e Delcídio e a prisão na Lava Jato do publicitário João Santana, marqueteiro das duas campanhas de Dilma à Presidência, assim como da campanha de Lula em 2006.

Além do risco de abertura de processo de impeachment no Legislativo, Dilma é alvo de ações movidas pela oposição junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pedem a cassação da chapa, dela e do vice-presidente Michel Temer, que venceu a eleição presidencial de 2014.

Fonte: Reuters