Em coletiva convocada para explicar a ação policial desencadeada na tarde da quinta-feira (23) na ‘cracolândia’, que pode ter posto em risco a operação de ressocialização de dependentes químicos Braços Abertos, da prefeitura de São Paulo, a delegada titular do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico), Elaine Biasoli, mostrou que, ao contrário do anunciado, falta sintonia entre os governos municipal e estadual para o sucesso do projeto.
“Não temos intenção de atrapalhar o programa da prefeitura, nem conheço o programa a fundo. Deve ser mais social, mas meu problema é policial, é o tráfico”, disse, para justificar a truculência usada como represália à prisão de um traficante da região.
Biasoli disse que o Denarc mandou uma viatura para “uma ação rotineira”, que seria prender um traficante, já identificado por investigações anteriores. “Tanto que fomos com uma viatura descaracterizada”, contou. Ela contou que os primeiros policiais a chegar na região conhecida por ‘cracolândia’ – não identificados – teriam sido recebidos “a pauladas” e que o carro que usavam foi depredado.
A reação da dupla foi chamar o reforço e a violência tomou conta da rua Rua Barão de Piracicaba, com a chegada de dez viaturas e dezenas de policiais, que usaram bombas de gás e balas de borrachas contra os dependentes.
Mas apesar da presumível resistência encontrada pelos policiais durante prisões de traficantes, o que deveria provocar seguidas reações violentas dos policiais, a delegada insistiu que a ação faz parte do cotidiano da corporação que dirige. “Não foi uma ação surpresa, foi rotineira. Todo dia, onde houver denúncia de tráfico o Denarc estará presente”, repetiu.
Ainda de acordo com a delegada Biasoli a ação teve resultado melhor que o esperado, já que, além do traficante inicialmente procurado, outros três foram presos. “Isso não deixa de ser um papel social da polícia. Temos dó de quem está lá [na rua], do dependente”, disse.
Por fim, Biasoli reafirmou que o Denarc deverá fazer novas diligências pelas ruas da chamada cracolândia, independentemente das consequências sobre o programa Braços Abertos. “A prefeitura tem a ação dela mas onde houver trafico nossa ação é incondicional. Não dá tempo de avisar ninguém.”
De 1º de dezembro até 20 de janeiro, segundo o Denarc foram 65 pessoas presas por tráfico naquela região do centro da capital paulista. A ação de ontem resultou também em apreensão de uma quantidade não divulgada de drogas e em três viaturas avariadas por depredações.
Fonte: Rede Brasil Atual
