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Coordenadora de cultura do PT estadual diz que gestão de cultura do Recife é “tacanha”, em carta aos integrantes do partido

Na qualidade de Coordenadora do Setorial de Cultura do PT-Pernambuco venho compartilhar com vocês algumas questões pertinentes à situação da Cultura aqui no Estado. Neste caminho gostaria da opinião sincera de todos, desprovida dos ranços das tendências e principalmente com o olhar militante e solidário.

Alguns de vocês me conhecem desde a fundação da Secretaria de Cultura do PT quando mostramos a nossa disposição de fortalecermos a nossa luta na área da cultura.

Desde 2003 enfrentamos vários obstáculos internos e externos e em nenhum momento esmorecemos com as adversidades que enfrentamos.

Praticamente os companheiros (as) desde aquela época continuaram o mesmo no coletivo, porém ampliamos a participação nas reuniões, organização e encaminhamentos durante esse tempo. Sempre defendemos de maneira fraterna e conseguimos compor com todas as forças internas do PT/PE sem necessidades de disputas estéreis, principalmente por que sempre identificamos a cultura como fator de transformação social.

Chegamos a Prefeitura da cidade do Recife em 2001 e com a valiosa e imprescindível participação da sociedade civil, dos movimentos sociais e de diversos coletivos com atuação na área cultural. Conseguimos nos tornar referencia na área de cultura em todo o país, seja pela democratização da participação popular, pela descentralização das ações, da transparência da gestão e principalmente pela responsabilidade dos gestores que ali habitavam. Tínhamos diferenças de encaminhamentos, divergências políticas de fundo, mais tínhamos principalmente respeito entre nós. Nunca compartilhamos de retaliações políticas, perseguições e patrulhamento ideológicos. Após duas gestões do Prefeito João Paulo, conseguimos fazer o sucessor logo no primeiro turno, resultado de uma avaliação positiva do governo e de suas ações, entre elas a Cultura.

Em 2009, começamos a gestão de João da Costa e a pasta de Cultura foi modificada tendo a indicação partido do Secretário de Cultura da gestão João Paulo, João Roberto Peixe. Não se questiona o que é (era) um direito da nova gestão indicar quem entendesse para o exercício da função de secretário, porém na época nada foi tratado com o Setorial de Cultura, nem tampouco discutido qual o perfil adequado para compor cargo tão importante para consolidação das mudanças culturais implementadas nos oito de gestão do companheiro João Paulo.

A gestão de cultura da cidade é tacanha, nem é preciso descrever neste momento, para maiores e melhores esclarecimentos, acreditamos que pessoalmente, em reunião com o Setorial de Cultura será mais adequado.

Atualmente três questões estão nos preocupando dentro do Setorial de Cultura, a saber:

1)    A questão da Fundarpe;

2)    Gestão da cultura na cidade do Recife;

3)    Indicação para o Ministério da Cultura sem a discussão dentro do Setorial de Cultura e demais instancias do partido.

 No que diz respeito à situação da Fundarpe e da gestão da cultura na cidade do Recife, algumas informações para vocês refletirem podem ser visualizados na imprensa/internet e nos fóruns onde atuam a classe artística.

 Na indicação do Ministério da Cultura, mais uma vez fomos surpreendidos com a apresentação de um nome, o Deputado Federal Mauricio Rands, isso através dos jornais locais, onde um grupo denominado  “ARTISTAS do NORDESTE” assina uma petição a favor da sua indicação.

Vamos aos fatos:

Nós do Setorial aqui em Pernambuco não fomos ouvidos, solicitado apoio ou informado sobre essa postulação, nesse sentido deixo aqui algumas questões que deverão ser respondidas pela direção aqui em Pernambuco, pela Secretaria Nacional de Cultura do PT e por todos (as) que fazem à cultura do partido.

1.     Qual o papel dos setoriais no Estado?

2.     Qual a importância do Setorial para as direções municipais e estaduais do PT?

3.     O papel do setorial no PT deixa de existir quando a Secretaria de Cultura do Município ou Estado é ocupado pela “força majoritária” do partido?

4.     Onde estavam esses “militantes da Cultura” desde 2003 na fundação do Setorial?

5.     No grupo “Artistas do Nordeste” existe RG, nomes e áreas culturais?

6.     Qual o objetivo da exclusão do setorial nessa indicação?

Temos consciência que o tempo de Brasília nesse momento não acompanha nosso cotidiano partidário e aqui não vai nenhum VETO ao Deputado Mauricio Rands a quem consideramos enquanto companheiro de Partido, parlamentar atuante e preparado para assumir qualquer função no Governo Dilma. O em que divergimos é o método utilizado nessa articulação. Da mesma maneira que o celular foi usado para essa articulação, uma ligação para algum membro do Setorial de Pernambuco, levando essa proposta para ser apoiada e respaldada por nós não rebaixaria nenhum parlamentar do Partido, muito pelo contrario, evitaria esse desgaste desnecessário e traria respeito aos articuladores dessa proposta.

As informações que chegaram até nós dessa indicação, surpreenderam pela primariedade desse processo, o que nos leva a considerar que o Deputado Mauricio Rands não foi o ator principal desse infeliz desencontro. Diferente de alguns petistas temos responsabilidades com o partido e o mal que causaríamos nesse momento expormos essa questão pela imprensa, nesse sentido optamos por uma decisão conjunta na reunião que faremos para tratar dessa questão.

A unidade tão falada e necessária para o Partido nessa composição tão difícil não pode ser falácia, deve ser uma pratica diária e fraterna entre companheiros (as) que usam tática divergente mais que tem a estratégia comum como ponto de referencia. 

Quem puder ou desejar expor considerações de maneira franca e sincera, favor responder.

Recife, 06 de dezembro de 2010.

Maria dos Prazeres Barros Firmino

 

Fonte: Blog de Jamildo