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Consumo naufraga e puxará inflação para baixo

A queda do consumo das famílias finalmente vai causar uma diminuição da inflação neste e no próximo ano. E esse bonde será puxado pelo desemprego.

Com o Brasil em recessão desde o segundo trimestre de 2014, de acordo com a FGV (Fundação Getulio Vargas), os impactos da queda na demanda interna promovida pela crise ainda não estavam sendo sentidos nos preços. Foi justamente quando a inflação em 12 meses começava a levantar o último voo que a trouxe até 10,67% em 2015.  Do outro lado, a demanda interna despencou 6,5% no mesmo período.

Já é conhecido o fato de que boa parte do salto nos preços médios no ano passado ocorreu devido aos diversos reajustes de preços administrados (estabelecidos por contrato ou órgão público), mas os preços livres não ficaram atrás. Os preços de alimentos, por exemplo, saltaram 12,03%, na maior alta em 13 anos.

A alta de quase 50% no dólar também ajudou a sustentar os índices de inflação nas alturas, mas, de acordo com Cristiano Oliveira, economista do banco Fibra, foi a relativa baixa taxa de desemprego que manteve o ritmo de alta nos preços. Mas a situação mudou e a média da taxa de desocupação, que era de 8,3%, deve subir para 11,6% neste ano e para 14% em 2017.

“A forte queda da demanda vai provocar uma grande alta da taxa do desemprego e uma pressão de baixa para os preços”, explica Oliveira, que prevê maior encolhimento da demanda doméstica neste ano.

André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, explica que o ajuste da economia — e da inflação — deve passar pelo mercado de trabalho. “O principal ajuste é no salário das pessoas, que vinha rodando acima do IPCA. Com o salário parando de subir, a inflação come parte da renda e o preço tende a parar de subir”, afirma.

Com reajustes acima da inflação, os salários dos trabalhadores ajudavam a manter os preços elevados, especialmente no setor de serviços, mas esse cenário está com os dias contados.

O salário real será, pela primeira vez em uma década, menor que os ganhos de produtividade, segundo a equipe de análise do Credit Suisse, que prevê crescimento nominal de 5% nos salários em 2016 e de 5,5% no próximo ano, números inferiores às estimativas de inflação de 8% neste ano e de 6,5% em 2017, conforme o banco suíço.

Fonte: O Financista