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Cinco razões que explicam a queda de Marina Silva

Em agosto, quando as primeiras pesquisas eleitorais indicaram a candidata Marina Silva (PSB), como favorita para ganhar a corrida presidencial, seu concorrente Aécio Neves (PSDB) arriscou: “É uma onda”.

Conforme ela continuou crescendo, cientistas políticos começaram a aventar a possibilidade de a “onda Marina” se transformar em um “tsunami eleitoral”.

Entretanto, na reta final do primeiro turno, o que se viu foi uma ressaca das intenções de voto na candidata do PSB – que acabou conquistando só 21% do eleitorado, patamar semelhante ao de 2010, quando obteve 19% dos votos.

A campanha de Marina ganhou impulso após a morte de seu colega de chapa, Eduardo Campos, em um acidente aéreo que chocou o Brasil. “O impacto emocional da tragédia contribuiu para sua rápida ascensão”, avalia Antônio Carlos Mazzeo, cientista político da Unesp.

O acidente ocorreu no dia 13 de agosto e, logo após essa data, as pesquisas mostravam Marina encostando na presidente Dilma Rousseff, do PT, no primeiro turno e com até 20 pontos a mais que Aécio, do PSDB. Na época, Marina também abriu uma vantagem de dois dígitos sobre Dilma no segundo turno.

A queda nas pesquisas, porém, começou em meados de setembro, sendo revelada em sucessivas pesquisas de opinião, que mostravam a ascenção paulatina de Aécio Neves.

1) Ataques do PT e PSDB

Em primeiro lugar, PT e PSDB conseguiram elaborar estratégias bem-sucedidas de ataque direto a Marina, como ressaltam Vera Chaia, cientista política da PUC-SP, e Rafael Cortez, da consultoria Tendências.

“Ela não cresceu nas pesquisas por suas ideias e agenda propositiva, mas porque conseguiu se colocar como a candidata de negação da ‘velha política’, de superação da polarização PT/PSDB”, opina Cortez.

Alguns eleitores tradicionais do PSDB também teriam migrado para Marina por considerá-la a única oposição capaz de vencer o governo.

“Para combater isso, petistas e tucanos adotaram uma estratégia de desconstrução da candidata. Eles atacaram suas vulnerabilidades como figura política e suas propostas, identificando contradições programáticas e ideológicas”, afirma Cortez.

Dilma tachou Marina de “candidata dos bancos” e dos “conservadores” e chegou a comparar a candidata do PSB aos ex-presidentes Jânio Quadros e Fernando Collor – que tiveram pouco apoio do Congresso e não terminaram seus mandatos.

A propaganda do PT também explorou o apoio dado a candidata pela educadora Neca Setúbal, herdeira do grupo Itaú e criticou de forma agressiva a proposta para dar independência ao Banco Central.

Já Aécio enfatizou as constantes correções no programa de governo divulgado pelo PSB, e procurou pintar Marina, que tem raízes no PT, como “mais do mesmo”.