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Capa do Charlie Hebdo traz Maomé com cartaz ‘Eu sou Charlie’

A capa do próximo número do jornal satírico francês Charlie Hebdo trará o profeta Maomé com uma lágrima nos olhos, segurando um cartaz com a frase “Je suis Charlie” (Eu sou Charlie), sob o título “Tudo está perdoado”, constatou a AFP nesta segunda-feira (12).

O jornal volta a escolher uma caricatura do profeta, desta vez assinada pelo cartunista Luz, para um número especial com tiragem de três milhões de exemplares, que será publicado na quarta-feira (14), após o atentado jihadista de 7 de janeiro contra a sede do jornal, que matou 12 pessoas, entre elas 5 chargistas.

Este número – denominado “dos sobreviventes” – terá três milhões de exemplares, contra os 60.000 normalmente impressos, será traduzido para 16 idiomas e, vendido em 25 países.

Seu distribuidor já recebeu uma avalanche de pedidos da França e do exterior, e por isso decidiu ampliar a 3 milhões a tiragem desta edição especial, inicialmente prevista para 1 milhão de exemplares.

Em 2006, o Charlie Hebdo reproduziu as caricaturas de Maomé cuja publicação no jornal dinamarquês JyllandsPosten desencadeou violentos protestos. A partir de então, o jornal satírico francês sofreu um incêndio criminoso e várias ameaças.

Os dois jihadistas que mataram 12 pessoas na sede do jornal, na semana passada, saíram gritando, “Vingamos o profeta! Matamos o Charlie Hebdo!”.

Mais cedo, o advogado da publicação, Richard Malka, afirmou que o próximo número do jornal, preparado pelos sobreviventes do sangrento atentado, manterá as críticas a políticas e religiões e incluirá caricaturas de Maomé.

“Não cederemos em nada, senão tudo isto não faria sentido”, acrescentou.

O Charlie Hebdo “dos sobreviventes”, elaborado na sede do jornal Libération, será “traduzido para 16 idiomas”, acrescentou o médico e cronista Patrick Pelloux.

No dia seguinte às manifestações que levaram para as ruas de várias cidades francesas quase quatro milhões de pessoas, em repúdio aos atentados e em defesa da liberdade de expressão, os autores do próximo número mantinham firmemente sua linha editorial.

“Rimos de nós mesmos, das políticas, das religiões, é um estado de espírito”, explicou o advogado.

Para Richard Malka, “nunca temos o direito de criticar um judeu por ser judeu, um muçulmano por ser muçulmano, um cristão por ser cristão, mas podemos dizer tudo o que quisermos, as coisas mais horríveis, e as dizemos sobre o cristianismo, o judaísmo e o Islã, porque além da unidade dos belos lemas, esta é a realidade do Charlie Hebdo”.

O número de quarta-feira está sendo preparado exclusivamente por membros da equipe do jornal e não incluirá desenhos de cartunistas externos que publicaram incontáveis esboços em homenagem às vítimas depois do atentado.

Um dia depois da manifestação histórica que levou 3,7 milhões de pessoas às ruas de cidades francesas em repúdio aos atentados e em defesa da liberdade de expressão, a França anunciou a mobilização de uma força sem precedentes de 10 mil soldados para aumentar a segurança, inclusive em escolas judaicas.

Fonte: AFP