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Bispos da CNBB Regional Nordeste II dão parecer sobre a Transposição do Rio São Francisco

tudoszcDepois de visitarem nos últimos dias 09 e 10 de novembro as obras da Transposição do Rio São Francisco nos eixos Leste e Norte, os bispos da CNBB Regional Nordeste II, que abrange os estados de Pernambuco, Paraíba, Alagoas e Rio Grande do Norte, deram parecer sobre as visitas. No documento divulgado recentemente, os bispos, entre eles Dom Magnus Henrique Lopes, da Diocese Salgueiro, discorrem sobre o cenário que observaram nas obras nos eixos visitados, a situação das pessoas diretamente afetadas pela Transposição, além dos prós e contras do mega empreendimento.

“Nos moveu a visitar esta obra em primeiro lugar a nossa condição de pastores, interessados em conhecer de perto um empreendimento de grande magnitude, que já está mudando o rosto do nosso Nordeste e que poderá incidir profundamente na vida de milhões de nossos irmão e irmãs nordestinos. Também foi nosso desejo ouvir a voz do povo das comunidades pelas quais os canais estão passando, para sentir de viva voz como eles vivem este tempo de mudança”, inicia o documento.

Os bispos detalharam todo o cronograma da visitação. “No dia 09 de novembro fomos acolhidos nos canteiros de obras situados perto da tomada d’água do eixo Leste pelo próprio ministro da Integração Nacional que nos explicou com muita propriedade e competência o valor e o alcance do projeto. Em seguida visitamos as obras do eixo Leste e no dia 10 visitamos as obras do eixo Norte em Cabrobó e em Salgueiro. Concluímos o dia encontrando lideranças de algumas das comunidades atingidas pelas obras, que nos expuseram suas esperanças, dúvidas e preocupações”, explicam.

Na parte final do comunicado, os sacerdotes da Regional Nordeste II expõem os principais pontos negativos e positivos da obra, no ponto de vista deles. “O projeto é uma obra enorme, talvez a maior já realizada no Nordeste. O impacto do mesmo já é grande e promete ser maior ainda quando a obra estiver terminada. No ponto em que a obra está, é muito difícil pensar em voltar atrás ou paralisá-la. O governo está investindo muitos recursos […]. As comunidades indígenas de modo especial queixam-se de não ter havido um debate sério a respeito da obra e de não ter sido considerados seus direitos e reivindicações. Todos vivem na incerteza de quando e como poderão retomar seu ritmo de vida depois da conclusão das obras ou depois de terem sido reassentados”, analisam.

As considerações finais continuam no último parágrafo do comunicado, onde os bispos expressam certa insatisfação com a conservação do Rio São Francisco. “Os trabalhos de revitalização são praticamente inexistentes no trecho do Rio São Francisco de onde saem os dois eixos da Transposição a não ser os trabalhos de saneamento básico que estão sendo realizados em muitas cidades da bacia. Estes trabalhos de saneamento básico deveriam ser melhor fiscalizados pois existem fortes dúvidas quanto à qualidade e à utilidade das obras realizadas em várias cidades”, concluem.

Da redação do blog de Alvinho Patriota por Chico Gomes