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Abelhas domesticadas podem estar levando doenças fatais às primas silvestres

Abelhas domesticadas doentes podem estar infectando suas primas silvestres, segundo um estudo publicado na revista Nature, nesta quarta-feira. A constatação é preocupante, porque esses insetos polinizadores são vitais para a agricultura de todo o mundo.

A população de abelhas, tanto a de cativeiro quanto a selvagem, está em declínio na Europa, na América e na Ásia por razões que os cientistas ainda tentam entender. No novo estudo, pesquisadores encontraram evidências de que as abelhas silvestres Bombus terrestris estão sendo afetadas por vírus ou parasitas das primas produtoras de mel.

Em um experimento em laboratório, os cientistas expuseram abelhas silvestres a dois patógenos — o vírus de asa deformada e o parasitaNosema ceranae —, para constatar se elas podiam contrair doenças conhecidas por afetar as produtoras de mel. “Nós detectamos que esses patógenos realmente são contagiosos e reduzem a longevidade dos insetos significativamente”, disse o coautor da pesquisa Matthias Fuerst, da Universidade de Londres. A expectativa de vida das operárias silvestres, que é de 21 dias, se reduz em um terço ou um quarto, em caso de infecção.

Em uma segunda etapa, os cientistas capturaram Bombus terrestris, conhecidas como abelhões, e abelhas melíferas em 26 regiões da Grã-Bretanha, examinando-as para identificar alguma infecção. Constataram que, nos mesmos locais, ambas tinham níveis similares dos patógenos analisados, o que indicava uma conexão entre elas.

Por fim, a equipe verificou que as abelhas melíferas e silvestres coletadas em lugares iguais tinham mais cepas intimamente ligadas do mesmo vírus do que os insetos de outros locais, um claro indicador de transmissão da doença entre as espécies. Embora não tenham conseguido demonstrar definitivamente que os patógenos passaram das abelhas melíferas para os abelhões, e não o contrário, os cientistas afirmaram que essa seria a conclusão lógica. Mais abelhas melíferas do que abelhões se infectaram, e as melíferas infectadas tinham níveis virais mais elevados do que os abelhões.

Segundo os cientistas, o principal veículo da infecção foi a visita às flores, uma vez que os animais transportam patógenos em sua trajetória. Os insetos também podem espalhar doenças ao invadir as colmeias umas das outras em busca de mel ou néctar.

Fonte: VEJA