O país assiste, atônito, a um número cada vez maior de maridos que matam as esposas por motivos fúteis, como ciúmes ou separação. Só em 2010, dois desses episódios tiveram o pior desfecho possível. Na semana passada, na cidade de Tenente Portela (RS), um homem inconformado com o fim do relacionamento matou a ex-mulher com dois tiros e, em seguida, se matou. Na quinta-feira, em Águas Claras, a mesma situação, com assassinato seguido de suicídio.
De acordo com o psicólogo Rodrigo Torres, vice-presidente do Conselho Nacional de Psicologia, seção Minas Gerais, não é possível localizar um tipo de pessoa específica propensa a esse tipo de ato. Ou seja, não há grupo de risco. Porém – ele ressalta -, o fato de maridos que se sentem largados ou traídos e acabarem cometendo violência pode ser explicado por meio do aspecto cultural e social. “A mulher ainda é vista como propriedade. Então, o homem tem a mentalidade de que, se ela é um objeto particular, pode fazer o que quiser, inclusive matar.”
Para o psicólogo, muitas vezes as pessoas que cometem esses crimes são consideradas normais, a ponto de a família ou o parceiro jamais desconfiar de tal capacidade. “Esse tipo de acontecimento é como se a pessoa tivesse um curto-circuito no momento da dor e não conseguisse lidar com o sentimento”, afirma.
Para o psicólogo Luiz Henrique Aguiar, mestre em psicologia clínica, há um ponto em comum entre esses homens: obsessão pelo controle do comportamento da companheira, que começa pela proibição de trabalhar, passa pelo pedido para se afastar das amigas e evolui para um controle extremo chegando à violência. “É como se fosse um ciclo. E quando a mulher tenta se separar, o marido não aceita, pois acredita que se ela deixar de ser dele, não vai ser de mais ninguém.”
Fonte: Correio Braziliense