O Brasil atingiu no final do ano passado a marca inédita de 44,068 milhões de trabalhadores formais em atuação. Apenas em 2010, foram criados 2,86 milhões de novos postos de emprego com vínculo, já descontadas as demissões, também um recorde para o País. Apesar de suntuoso, o volume não chegou aos três milhões de novas vagas que o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, previu no início do ano para o resultado de 2010. Na ocasião, dados preliminares registravam a inclusão de 2,52 milhões de trabalhadores com carteira assinada em 2010 e a perspectiva era de que o número crescesse com a inclusão dos dados da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), que inclui também os estatutários e conta com números mais atualizados.
Essa mudança acontece porque muitas empresas demoram a informar ao governo a movimentação de seus funcionários. Ontem, Lupi negou que tivesse feito a projeção para 2010, já que, por conta da eleição, há proibição de concurso público, contribuindo para um saldo menor de empregos. Ele reafirmou, porém, que espera o ingresso de mais três milhões de trabalhadores no mercado em 2011.
Mesmo assim, a estimativa de Lupi difere da feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que prevê números menos robustos para o mercado em 2011 em função da expectativa de desaceleração econômica. “Vamos aguardar o final do ano”, disse o ministro do Trabalho. “Mantenho a projeção”, reforçou. Ele prevê nova expansão robusta do emprego em abril depois que as contratações superaram as demissões em apenas 92,6 mil em março e previu um saldo líquido perto do recorde para o mês visto em 2010, de 346 mil postos.
A região Sudeste segue com a maior demanda por trabalhadores. Apenas no ano passado, registrou a entrada líquida de 1,363 milhão de empregados – o estado de São Paulo foi responsável por mais da metade dessas contratações, com 795 mil empregados. O Rio Grande do Sul ficou em quarto lugar, com 201 mil contratações.
O setor de serviços foi o que mais contratou no ano passado – um total de 1,109 milhão de novos postos. Apesar disso, o maior crescimento em relação a 2009 foi na construção civil. Nesse segmento foram contratadas 376,6 mil novas pessoas, o que representou uma expansão de 17,66% na comparação com o estoque de trabalhadores ao final do ano anterior. Na realidade, todos os setores mostraram pujança na criação de empregos em 2010, com exceção da agricultura, onde as demissões superaram em 18,1 mil postos as contratações.
Na opinião de Lupi, o grande desafio ainda diz respeito à inclusão de pessoas com deficiência. “O percentual ainda está muito abaixo da obrigatoriedade da lei de 2% a 5% do total de funcionários”, comparou. Segundo a Rais, essas pessoas representam apenas 0,7% da força de trabalho.
Fonte: JCS