Autoridades do Ministério da Saúde do Egito afirmaram neste sábado que os protestos realizados no país deixaram ao menos 38 mortos desde sexta-feira. Com isso, o total de vítimas fatais desde que as manifestações começaram, na terça-feira, passa para 45.
De acordo com as autoridades, que não quiseram ser identificadas, destas 38 novas mortes 12 foram registradas na capital, Cairo. Outras 12 aconteceram em Suez, oito em Alexandra, três em Port Said, duas em Mansura e uma em Gizé.
Cairo é o principal foco das manifestações, que ganharam força na sexta-feira, quando o presidente do país, Hosni Mubarak, colocou o Exército nas ruas para conter os protestos, algo que não acontecia no país desde 1985.
Além do Cairo, as cenas de violência e caos ocorreram em pelo menos outras nove cidades ou regiões do país. Em meio à violência, as autoridades das forças de segurança do Egito informaram que o opositor egípcio Mohamed ElBaradei, Prêmio Nobel da Paz em 2005 e ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), está sob prisão domiciliar. A polícia lhe informou que ele não pode deixar sua residência no Cairo depois de ter participado das manifestações.
Os protestos continuam neste sábado, principalmente no Cairo, onde há informações de disparos e colunas de fumaça branca, de gás lacrimogêneo. Tanques das Forças Armadas estão cercando as principais ruas do centro da cidade. Os militares também fecharam o acesso às pirâmides localizadas nos arredores da capital, consideradas as principais atrações turísticas do país.
Renúncia
Ministros que integram o governo do Egito apresentaram sua renúncia, atendendo a um pedido de Mubarak, que busca frear os protestos sem precendentes. De acordo com a televisão estatal, os ministros apresentaram os pedidos em uma reunião comandada pelo premiê Ahmed Nazif. Ainda nesta sábado, Mubarak deve anunciar novos nomes para o governo.
A continuidade dos protestos neste sábado, porém, parece indicar que a mudança ministerial não será suficiente para acabar com a onda de insatisfação. No discurso em que disse ter pedido que os ministros se demitissem, Mubarak não fez nenhuma menção à possibilidade de ele mesmo deixar o governo. A chefe da Anistia Internacional, Salil Shetty, disse que a decisão de Mubarak de mudar o governo é “quase uma piada”. “As pessoas querem mudanças fundamentais e constitucionais”, afirmou.
O grupo opositor egípcio Irmandade Muçulmana também afirmou que a medida anunciada pelo líder é “apenas um passo”. “Há um conjunto de reivindicações, como a dissolução do Parlamento e eleições livres”, afirmou o porta-voz do grupo, Walid Shalabi.
“A destituição do gabinete é só um passo. Desejamos um governo que tenha interesse em lançar as liberdades públicas, que resolva o problema do desemprego e que não trabalhe em benefício de um só grupo”, ressaltou.
Fonte: Último Segundo