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Por que o Brasil, Obama?

obama_50Por que o todo-poderoso do mundo escolheu como destino o Brasil? A resposta não é uma só, mas pode ser resumida no bom momento vivido pelo País. Sétima economia do mundial, com crescimento de 5% ao ano, a nação verde e amarela é terreno mais que fértil, principalmente pela expectativa de grandes investimentos do pré-sal e em infraestrutura, até os Jogos de 2016. O momento não poderia ser mais oportuno, depois que a presidenta Dilma Rousseff mudou a postura adotada pelo antecessor em relação à política externa.

A vinda ao Brasil representa a intenção de manter a soberania na América Latina, aumentando os investimentos norte-americanos na região. Um dos objetivos de Barack Obama seria retomar o espaço perdido para a China, hoje principal destino das exportações brasileiras. Em 2010, dos 201,91 bilhões de dólares (equivalentes a R$ 336,66 bilhões) que o Brasil exportou para países com os quais mantém relações bilaterais, 30,78 bilhões de dólares (R$ 51,32 bi) foram para os chineses e só 19,30 bi de dólares (R$ 32,18 bi) para os Estados Unidos.

Afastamento do Irã

Não bastassem os números, favoráveis à vinda aos trópicos, declarações de Dilma Rousseff impulsionaram a viagem do presidente ianque, já que o governo americano não via com bons olhos a aproximação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com Irã de Mahmoud Ahmadinejad.

Antes mesmo de tomar posse, Dilma, em entrevista ao jornal ‘The Washington Post’ em dezembro, criticou o posicionamento do Brasil, que se absteve de votar na ONU uma condenação às violações direitos humanos no Irã. Anteriormente, ela já havia criticado a condenação à morte por apedrejamento da iraniana Sakineh Achtiani. Na entrevista, voltou a condenar o governo iraniano.

“Não sou a presidente do Brasil, mas ficaria desconfortável, como mulher eleita presidenta, em não me manifestar contra o apedrejamento. Minha posição não vai mudar quando assumir”, disse a então presidenta eleita, para alívio na terra do Tio Sam.

Também a decisão de Dilma de rever a compra dos caças para a Força Aérea Brasileira, quando já era dada como certa pelo governo Lula a aquisição dos aviões franceses Rafale, fez o assunto voltar a estaca zero. Assim, a norte-americana Boeing acredita poder voltar ao jogo. A visita de Obama apontaria para isso.

“O que está em jogo são os interesses americanos, com uma maior participação das empresas norte-americanas, por exemplo, na exploração do pré-sal ou em obras de infraestrutura, em virtude da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos”, avalia a professora de Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Andréa Ribeiro.

Segunda ela, a missão comercial de Obama ocorre num momento crucial para a política externa brasileira, já que é o início de governo da presidenta Dilma, quando ela ainda está definindo os rumos de sua administração.
Para Orlando Stiebler, professor da Academia Brasileira de Educação, Cultura e Empregabilidade (Abece), a visita tem a função de prestigiar o início do governo Dilma, reaproximando as políticas dos dois países, principalmente após os embates ocorridos na Organização Mundial do Comércio (OMC).

Oportunidades para ambos

A visita de Obama é vista por especialistas como oportunidade de avanços no comércio entre os dois países, com vantagens para ambos. Embora não haja compromisso do governo norte-americano em relação às reivindicações brasileiras – como redução de tarifas, adoção de medidas que neutralizem efeitos danosos à indústria nacional devido à importação de produtos mais baratos e o fim do subsídio agrícola -, o encontro com Dilma marca nova etapa no relacionamento entre os dois países, com assinatura de acordos bilaterais. Mas o Brasil espera ver também rompidas as barreiras erguidas pelos EUA contra produtos, como etanol, carne bovina, algodão, suco de laranja e aço.

Segundo Andréa Ribeiro, da ESPM, este é o momento de fazer pressões de ambos os lados. EUA tentarão aumentar a participação de empresas de lá nos investimentos brasileiros. Brasil se esforçará para reduzir nosso déficit comercial (o País compra mais dos americanos do que vende para eles), cuja a diferença atual chega a 8 bilhões de dólares (R$ 13,38 bi).

Menos brasileiros ilegais

Com a visita do presidente norte-americano, a discussão do fim da exigência do visto de entrada de um país para o outro volta à tona. Apesar de não haver nada acertado sobre o assunto, Obama já reconheceu o crescimento da classe média brasileira. A estabilidade política e econômica do País reduziu o número de brasileiros tentando entrar ilegalmente nos EUA para recomeçar a vida.

Fonte: O Dia Online