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Para especialistas, Haddad e Bolsonaro têm lacunas em propostas econômicas

Economistas acreditam que os candidatos à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) precisam dar clareza às propostas econômicas de seus planos de governo antes do 2º turno das eleições, no próximo domingo (28.out.2018).

Os postulantes ao Palácio do Planalto propõem caminhos diferentes para lidar com o cenário econômico, que inclui mais de 12 milhões de desempregados, deficit primário superior a R$ 100 bilhões nas contas públicas e baixa expectativa de crescimento.

Bolsonaro e seu principal assessor econômico, Paulo Guedes, apresentaram uma proposta liberal, com ampla defesa de privatizações para reduzir o rombo nas contas e o endividamento público.

Haddad (íntegra), por outro lado, propõe que o Estado seja o motor de crescimento. Defende a retomada de investimentos, o fortalecimento de programas sociais e a revogação de medidas como a reforma trabalhista e o teto de gastos.

“Temos uma bipolaridade muito forte. Bolsonaro é defensor de ideias liberais e Haddad de ideias intervencionistas. Mas o Bolsonaro, por ser militar, tem 1 espírito nacionalista, que se confunde com a intervenção no Estado”, diz o economista Newton Marques, professor de finanças públicas da UnB (Universidade de Brasília).

Para a economista e sócia da Oliver Wyman, Ana Carla Abrão, ainda há muitas lacunas em relação à implementação das propostas contidas no planos. “Temos uma visão muito superficial dos programas. As propostas são vagas e chamam mais atenção pelas dúvidas do que efetivamente pela direção.”

Para ela, as privatizações são o grande ponto de interrogação no plano de governo do militar. “É impossível chegar aos números que ele e Guedes colocam que conseguiriam capturar com o programa de privatizações e venda de ativos, de R$ 1 trilhão.” Além disso, coloca que é preciso aparar arestas entre as declarações do militar e as propostas construídas por seu guru econômico.

Eduardo Fagnani, professor do Instituto de Economia da Unicamp, destaca que a proposta de Bolsonaro não dá conta de retomar o investimento, resguardar programas sociais e implementar 1 sistema tributário mais progressivo (no qual a carga tributária seja mais elevada para a população de maior renda).

Em relação ao programa de Haddad, especialistas se preocupam, principalmente, com o comprometimento com o equilíbrio das contas públicas. Destacam, por exemplo, que o candidato fala em buscar convergência entre o regime dos servidores e o regime geral, mas não explica qual mudança seria feita.

Marques questiona também a proposta do candidato petista de taxação progressiva dos bancos, com alíquotas mais baixas para os que oferecerem crédito a menor custo. “Taxar spread não funciona. O que se precisa fazer é aumentar a concorrência. É uma proposta muito sonhadora, difícil de operacionalizar”, disse.

Pedro Lopes, assessor parlamentar da Fenafisco (Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital) coloca, ainda, que há pontos abertos nas propostas dos 2 candidatos para o sistema tributário.

“Bolsonaro precisa deixar claro se vai voltar a tributar lucros e dividendos. Já Haddad precisa explicar melhor qual IVA (Imposto sobre Valor Agregado) pretende adotar e, na questão do Imposto de Renda, explicar se o aumento da alíquota atingiria a classe média”, disse.

Fonte: Poder 360