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Nova investigação intensifica crise no atletismo e até Interpol é acionada

Extorsão de atletas, subornos para a escolha de sedes de locais para competição, camuflagem de casos de doping e de contratos de marketing. Uma investigação independente revelou nesta quinta-feira, 14, uma dimensão inédita da corrupção e do crime nos esportes, levando a Interpol a acionar seu alerta contra dirigentes, abrir uma investigação mundial e envolvendo até o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Essas são as constatações de um informe produzido pela Agência Mundial Antidoping que, no final do ano passado, já havia tomado a decisão de suspender a Rússia das competições de atletismo no Rio de Janeiro, durante a Olimpíada. Agora, os russos parecem ainda mais distantes de voltar a competir.

Escrito por Dick Pound, o novo documento de 89 páginas denuncia a “corrupção enraizada na Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF)” e que os casos não foram apenas isolados. A Interpol lançou um alerta vermelho em relação a Papa Diack, filho do presidente da IAAF, Lamine Diack, e a Justiça francesa indicou que está processando uma série de pessoas por crime organizado, lavagem de dinheiro, fraude e outros crimes. Para os investigadores, o caso vai “muito além” do escândalo da Fifa, já que envolve não apenas os dirigentes, mas atletas, médicos, patrocinadores e governos.

Em seu primeiro informe, produzido em novembro, Pound apontou que a Rússia estaria patrocinando um esquema de doping liderado pelo próprio governo. Agora, o documento ainda lança dúvidas sobre os diversos dirigentes da federação, inclusive seu atual presidente, Sebastian Coe, organizador dos Jogos de Londres de 2012. Vice-presidente da IAAF por sete anos, ele teria feito parte da cúpula da entidade enquanto os crimes estavam ocorrendo.

Para Pound, “não há como imaginar que a IAAF não soubesse” do que ocorria na Rússia. Os dirigentes, assim, teriam sido peças fundamentais para manter atletas nas competições, atrasar testes e ainda exigir dinheiro dos esportistas em troca de silêncio. Os funcionários da IAAF não destruíram os testes, como fizeram os médicos russos. Mas os esconderam em suas gavetas e atrasaram qualquer tipo de procedimento.

No centro dos escândalos está Lamine Diack, ex-presidente da entidade e que, segundo a investigação, pediu dinheiro em troca de favores por parte dos russos na tentativa de abafar casos. Assim como ele, Gabriel Dollé, ex-diretor da divisão antidoping, está sendo investigados pelo Ministério Público da França.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, também é citado. No informe, os investigadores revelam como, de repente, a relação entre Diack e Putin ganhou uma nova dimensão. O dinheiro de Moscou também começou a entrar, com um salto de US$ 6 milhões para US$ 25 milhões dados por um banco russo para os direitos de transmissão do Mundial de Atletismo em 2013.

Fonte: Estadão