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Marinha admite risco de vazar óleo de embarcação

O planejamento da Marinha e da Petrobrás para recuperar a chata (embarcação usada para transporte de carga) com 10 mil litros de óleo combustível que naufragou em dezembro na costa da Antártida prevê a possibilidade de o poluente vazar, o que afetaria espécies animais e colocaria o Brasil na condição de infrator de um tratado de conservação ambiental do continente.

Como o Estado revelou no sábado, uma chata rebocada pela Marinha para a Estação Antártica Comandante Ferraz – a mesma base científica e militar brasileira na Ilha Rei George que ficou destruída após um incêndio na madrugada de ontem – foi a pique na Baía do Almirantado, a 900 metros da praia. Ela levava um carregamento de gasoil artic, combustível anticongelante feito pela Petrobrás para operar geradores em temperaturas muito baixas.

Até o incêndio de sábado, viviam no local 30 cientistas brasileiros (como biólogos, biofísicos, geólogos), 15 militares – dois deles morreram no incêndio – e 15 funcionários civis que cuidavam da manutenção. Vistoria realizada por robô submarino no casco da embarcação, pousada no leito oceânico a 40 metros de profundidade, constatou que não houve rompimentos estruturais nem vazamentos do óleo acondicionado em um compartimento duplamente revestido da chata. Mas a chance de uma ruptura durante o processo de recuperação do flutuante e do carregamento é considerada pelos especialistas que organizam o plano de resgate. Os 10 mil litros do combustível equivalem a cerca de 62 barris de petróleo.

Em nota divulgada na sexta-feira, o Centro de Comunicação Social da Marinha admite a hipótese de o óleo vir a vazar durante o içamento por boias e um guindaste. “Durante a reflutuação serão empregados todos os recursos necessários para a contenção de poluição ambiental no caso de vazamento do óleo contido na chata”, informa o comunicado, que não revela quais procedimentos serão adotados para evitar que o combustível se espalhe pelo mar e atinja a costa.

Preocupação. No caso de a população animal e o ecossistema antártico virem a ser contaminados pelo poluente nacional, o Brasil terá de se explicar aos países que firmaram com ele, em 1998, o Protocolo de Madri, tratado de preservação ambiental da Antártida. Essa preocupação é manifestada pela Marinha na nota de sexta-feira.

Fonte: O Estado de S. Paulo