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Mais de um bilhão de veículos destruindo o nosso planeta

No artigo que escrevi na última terça dia 11, fiz referência aos acidentes causados por mais de um bilhão de veículos em circulação em todo o planeta. Na verdade, a presença do automóvel está tão arraigada no nosso cotidiano, que os que ousam questionar seu impacto nocivo em relação aos acidentes e a emissão de gás carbônico na atmosfera, são prontamente acusados de viverem fora da realidade, de serem contrários ao progresso ou, de se constituírem em “inimigos das liberdades individuais”.

Todos sabem que as mortes por acidentes de trânsito são a segunda causa no mundo, sabem, também, que o planeta está sendo destruído pela emissão de gás carbônico, pelo desperdício de recursos naturais, por ceifar a vida de milhões de pessoas e por subtrair imensa área de terra produtiva, em função da exorbitante quantidade de automóveis em circulação. Não se vê nos planejamentos dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento, políticas para o transporte público de massa, sobre trilhos, o que esses e outros países fazem é fabricar mais 70 milhões de veículos todos os anos, oferecendo entre 500 a 800 carros por cada mil habitantes. Aqui no Brasil, só em um dia, no mês de agosto passado, foram fabricados 21 mil automóveis e, já distribuídos para se somarem aos quase 40 milhões em circulação por nossas péssimas rodovias, ruas e avenidas, poluindo o ambiente e matando gente. Pesquisas mostram que mais da metade das UTIs, no Brasil, estão ocupadas com pessoas vítimas da imprudência no trânsito, principalmente, motociclistas que causam os mais diversos acidentes.

Não se importam os administradores públicos, também, pelos enormes e caríssimos espaços reservados para circulação e guarda desses veículos. Estradas, garagens e estacionamentos que correspondem à metade das áreas das cidades do planeta e a custos exorbitantes, além do combustível desperdiçado para transportar 1,2 pessoas por veículo, quando, em um trem ou metrô, são centenas de pessoas transportadas com mais segurança, menos acidentes e poluição quase zero.

Em escala mundial, os carros emitem aproximadamente dois bilhões de toneladas/ano de CO2 na atmosfera, grande responsável pelas mudanças climáticas e causador de mais doenças, destruição e mortes.

Além desses alarmantes números sobre os efeitos maléficos das emissões de gás carbônico, outros não menores e não menos assustadores são os acidentes automobilísticos que matam 1,3 milhões de pessoas e deixam aproximadamente 40 milhões feridos e mutilados, todos os anos, no planeta.

Todos esses dados evidenciam a irracionalidade humana ao incentivar, através de campanhas publicitárias, apoiadas em linhas de crédito, na manipulação de apelos emocionais, a utilização massiva do automóvel individual, em detrimento da de um transporte coletivo de qualidade e da presença da vida no planeta. É urgente nos conscientizarmos de que a produção desse tipo de transporte tem que decrescer. Não devemos permitir que o automóvel contribua ainda mais com a destruição do nosso planeta.

GONZAGA PATRIOTA, Contador, AdvogadoAdministrador de Empresas e Jornalista, pós graduado em Ciência Política e Mestre em Ciência Política e Políticas Públicas e Governo e Doutorando em Direito Civil, pela Universidade Federal da Argentina.