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Guedes sugere vender embaixadas e fechar vaga de servidor aposentado

O ministro da Economia, Paulo Guedes, destacou nesta quinta-feira que controlar gastos é a grande prioridade do governo Jair Bolsonaro, ressaltando que a estratégia passa pela reforma da Previdência, pela aceleração das privatizações e das vendas de imóveis do governo – para reduzir a dívida e, com isso, as despesas com juros – e conter dispêndios com salários do funcionalismo.

“Nós temos a dinâmica de uma sociedade aberta, uma democracia vibrante. A redemocratização não conseguiu privatizar, descentralizar e focar capital humano. Tivemos duas hiperinflações, administramos mal a transição. Quando o Executivo tentou comprar o Legislativo, acordamos o Judiciário”, disse.

Segundo o ministro, “economicamente, estamos numa transição incompleta”. “Não é razoável que a oitava economia do mundo seja a 126ª em facilidade de fazer negócios. A nossa meta é sair de 126º para menos de 50º lugar no ranking de fazer negócios no mundo até o fim do governo.”

“O programa é muito simples, eu adoraria o que Thatcher e Reagan fizeram. Nós estamos abrindo a economia, uma economia liderada pelo mercado. Vamos reduzir o peso do crédito público na economia”.

Guedes reiterou a importância da reforma da Previdência, por ser a maior despesa do governo. “Ela está engolindo a economia inteira.” Segundo ele, a população percebeu que apoiar a reforma da Previdência é um sinal de maturidade e que, se não for aprovada, “podemos nos tornar a Grécia, podemos nos tornar Portugal”.

O ministro voltou a mencionar um de seus mantras favoritos, o de que o Brasil gasta o equivalente a um Plano Marshall por ano, ou US$ 100 bilhões. “Reconstruímos uma Europa por ano”, afirmou ele, destacando que a dívida pública é o resultado de decisões pouco inteligentes tomadas no passado, resultado do aumento de gastos e do uso apenas do Banco Central para enfrentar a inflação. A coordenação entre a política monetária e a política fiscal é fundamental, destacou Guedes.

Para enfrentar esse problema que, segundo ele, não é incontrolável, o governo pretende acelerar as privatizações e a venda de imóveis do governo federal. “Nós temos mais de R$ 1 trilhão em empresas estatais e mais de R$ 1 trilhão em 700 mil imóveis”, afirmou ele.

“Mesmo a embaixada aqui, muito bonita, comprada nos anos 1930. O embaixador, brincando, me disse que não custa nada, porque já está aposentado, mas eu disse: ‘Bem, podemos vender a sua casa. Estou dormindo lá, é um lugar lindo'”, contou Guedes, fazendo a plateia rir.

“Se você vai para Roma, [a embaixada] é na Piazza Navona. Se vai a Milão, é do lado do Duomo. Coisas lindas. Eu olho para essas coisas e digo: ‘Nós realmente podemos reduzir a nossa dívida.'”

Em relação aos servidores públicos, ele disse: “40% a 50% vão se aposentar nos próximos anos, e não vamos substituí-los”. “Vamos simplificar e digitalizar, sem substituir servidores aposentados. Com controles digitais, o que era complicado será mais simples.”

Guedes falou a uma plateia de economistas, pesquisadores, representantes de organizações internacionais e investidores no think tank Brookings Institution, em Washington. Ele repetiu que não há uma ameaça à democracia no Brasil e pediu para que o público “não sinta pena” do país. “Nós temos uma democracia vibrante, que agora é uma aliança política de centro-direita.”

Fonte: Valor