Vida FM Asa Branca Salgueiro FM Salgueiro FM

Filho e sucessor de Kim Jong-il provoca temor em potências ocidentais

A morte do ditador Kim Jong-il, ocorrida no sábado mas anunciada apenas ontem pela agência estatal norte-coreana, lançou uma nuvem de incertezas sobre o mundo. Única dinastia comunista do planeta, o regime da Coreia do Norte será agora comandado por um jovem com menos de 30 anos e sem qualquer experiência política, mas já batizado de “Grande Sucessor”. Potências ocidentais temem que Kim Jong-un, o filho escolhido para suceder o “Querido Líder”, queira exibir poderio militar, como maneira de se firmar no cargo — e ontem mesmo o país voltou a testar mísseis. A histórica rival Coreia do Sul chegou a decretar estado de alerta, com apoio dos Estados Unidos, enquanto outras vozes defendem o diálogo sobre o programa nuclear norte-coreano.

A notícia da morte correu logo após o meio-dia de ontem (horário de Pyongyang). Aos prantos, uma apresentadora da TV estatal informou que o ditador faleceu na manhã de sábado, vítima de um ataque cardíaco. Pouco depois, a agência oficial KCNA confirmou a escolha do filho mais novo para assumir a direção. “Todos os membros do Partido (dos Trabalhadores, comunista), os militares e o povo devem seguir fielmente a autoridade do camarada Kim Jong-un e proteger e reforçar a frente unida do partido, do Exército e da cidadania”, informava uma nota. Assim que foi informado, o governo da Coreia do Sul convocou uma reunião do Conselho de Segurança Nacional e determinou alerta para as tropas na fronteira intercoreana. Os dois países jamais assinaram um acordo definitivo para pôr fim à Guerra da Coreia (1950-1953).

Por telefone, o presidente dos EUA, Barack Obama, conversou com o colega sul-coreano, Lee Myung-bak. Segundo um comunicado da Casa Branca, os dois manterão contato para acompanhar os acontecimentos, nos próximos dias. A secretária de Estado, Hillary Clinton, disse esperar “uma transição estável e pacífica” no país comunista. Com preocupação semelhante, o Japão — que não tem boas relações diplomáticas com Pyongyang — também convocou uma reunião de emergência. “O governo japonês espera que essa situação não tenha consequências negativas para a paz e a estabilidade da Península Coreana”, declarou um porta-voz, após prestar condolências. No Brasil, a embaixada norte-coreana decretou luto até o próximo dia 29. O funeral está previsto para um dia antes.

O temor de Japão, EUA e Coreia do Sul é de que o novo líder lance mão dos recursos bélicos do país para demonstrar seu poder. “Há um sério risco de provocação militar adicional, pois ele precisa se legitimar”, diz Christoph Bluth, especialista em segurança internacional na Universidade de Leeds. “O principal impacto da morte de Kim Jong-il será esse período de instabilidade”, ressaltou, em entrevista ao Correio. Os primeiros sinais de recrudescimento podem ter sido dados ainda ontem. A Coreia do Norte realizou dois testes de mísseis de curto alcance, lançados do litoral oriental, embora os sul-coreanos tenham refutado qualquer relação dessa operação com o morte do ditador.

Fonte: Correio Braziliense