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Em resultado raro, votação na ABL termina sem maioria mínima e é anulada

Marcada para esta quinta-feira, a votação que elegeria o novo ocupante da cadeira 22 da Academia Brasileira de Letras, que pertencia ao cirurgião Ivo Pitanguy, morto em agosto deste ano, foi anulada. Nenhum candidato conseguiu a maioria mínima de 18 votos até o quarto escrutínio. Um novo ciclo, aberto para inscrições de mais candidatos, será iniciado e definido em 60 dias.

Na primeira votação, o poeta, filósofo e letrista Antonio Cicero, de 61 anos, e o cientista político Francisco Weffort, de 79, lideraram, seguidos de perto pelo pesquisador Ricardo Cravo Albin. Os dois primeiros foram para o segundo escrutínio, que continuou sem a maioria mínima de 18 votos. Como a situação se manteve até a quarta etapa, o regulamento da ABL prevê a anulação do pleito.

A situação é tão rara nas eleições da ABL que nenhum dos imortais presentes se lembra da última vez em que ocorreu.

— Estou na Academia há 30 anos e não lembro quando da última vez que chegou a quatro escrutínios. Gostei muito. Isso mostra que os dois candidatos são muito qualificados — analisou Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, ex-presidente da ABL.

Diante do resultado da votação, Weffort afirmou que não decidiu se vai ou não se candidatar novamente:

— Eu recebi a notícia agora. Vou pensar muito nesse assunto, não tenho uma decisão. O ano que vem é o ano que vem. Tem aquela célebre frase, “cada dia com a sua agonia”. No Brasil, é cada ano com a sua agonia.

O presidente da ABL, Domício Proença Filho, avisou que a instituição irá pesquisar nas atas para pesquisar o histórico de eleições sem vencedor. Em 2004, a arqueóloga Maria Beltrão e o poeta Antonio Carlos Secchin também foram até o quarto escrutinio sem conseguir o mínimo para se tornar acadêmico. Secchin se apresentou para a eleição seguinte e acabou sendo eleito para a cadeira.

Fonte: Jornal O Globo