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Complexo da Maré é ocupado em 15 minutos para a instalação de UPP

Sem disparar um tiro, as forças de segurança do Rio ocuparam o Complexo da Maré, no fim da madrugada deste domingo, o Complexo da Maré. O domínio dos pontos planejados ocorreu em 15 minutos, segundo a secretaria estadual de Segurança. As favelas da região foram recuperadas pelo Comando de Operações Especiais da Polícia Militar e não houve resistência. Os agentes permanecem nas comunidades, nesta manhã, em operações de buscas de criminosos e apreensões de armas, drogas e objetos roubados.

Na Vila dos Pinheiros, na Maré, poucas pessoas andam pelas ruas, e policiais do Batalhão de Choque revistam carros no interior da favela. O clima é de aparente tranquilidade no local. Na Nova Holanda, os moradores acompanharam das janelas e das portas de casa a chegada dos veículos blindados da Marinha. Na Rua Teixeira Ribeiro, um dos principais acessos da Nova Holanda, alguns feirantes já montam suas barracas de frutas.

– Temos que trabalhar. Acho que o movimento será pequeno, mas está tudo calmo – disse um feirante, que não quis se identificar.

Um outro morador, que também não quis se identificar, contou que muitos bandidos já deixaram as favelas do Complexo da Maré, desde a sexta-feira da semana passada. Além dos veículos blindados, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) também circulam a pé pelas ruas da favela. A ocupação também é acompanhada por jornalistas da imprensa internacional.

– Desde que foi falado que a polícia ia ocupar a favela ficou mais tranquila. Estou confiante que as coisas vão ficar melhor ainda – disse um outro morador.

Já a dona de uma barraca de comidas, que também não se identificou, lamentou o fim do baile funk na Nova Holanda:

– Em dias de baile, eu fazia 22 panelas de comida. Ontem, eu fiz 16 e ainda não consegui vender tudo.

Na Vila dos Pinheiros, homens da cavalaria da PM fazem uma montaria levando uma bandeira do estado. Eles circulam pela comunidade, num momento simbólico da ocupação. Ao todo, a PM atua com 1.180 homens no complexo de favelas da Zona Norte. Pelo menos cinco pessoas já foram presas, incluindo policiais militares do Rio, e drogas e armas apreendidas, durante operação da Polícia Federal para desarticular, na manhã desta domingo, a quadrilha de Marcelo Santos das Dores, o Menor P., chefe do tráfico de 11 favelas no Complexo da Maré. O bandido foi preso também pela PF na última quarta-feira em Jacarepaguá. Estão sendo cumpridos 15 mandados de prisão e de busca e apreensão na Região Metropolitana do Rio. A operação é parte do processo de pacificação da Maré, ocupada hoje em ação conjunta das forças de segurança federal e estadual.

A Secretaria de Segurança solicita a colaboração dos moradores das comunidades que formam o Complexo da Maré, com denúncia sobre criminosos, esconderijos e locais onde possam estar guardadas armas, drogas, objetos roubados e outros produtos ilegais. Os moradores podem ligar para o Disque-Denúncia (2253-1177) ou para o 190 da PM.

Além disso, todos os moradores devem andar com documentos de identificação e os motoristas e motociclistas serão solicitados a mostrar documentos de propriedade de seus veículos, bem como a Carteira Nacional de Habilitação em dia. No caso das motos, também será exigido o uso de capacete.

A Força de Fuzileiros da Esquadra da Marinha participa da Operação na Maré com 250 homens, prestando apoio logístico de transporte para os batalhões de Operações Especiais e de Choque. Os militares, que entraram nas comunidades a bordo de 21 veículos blindados, têm experiência em Missões de Paz no Haiti e em outras operações de apoio à Secretaria de Segurança, como no complexos da Vila Cruzeiro e do Alemão, e nos morros São Carlos, da Mineira, Mangueira, Rocinha, Vidigal, Chácara do Céu, Chatuba, Manguinhos e Jacarezinho, comunidades da Barreira do Vasco e do Caju, além do Complexo do Lins.

Na operação deste domingo são utilizados cinco carros blindados sobre Lagartas M-113, seis carros Lagarta Anfíbio (CLAnf) e dez blindados sobre rodas para garantir a mobilidade das forças policiais em todas as comunidades do Complexo da Maré.

Fonte: Agência O Globo