Vida FM Asa Branca Salgueiro FM Salgueiro FM

Chefe da DH sobre morte no Alemão: ‘Não haverá proteção a ninguém’

Moradores do Complexo do Alemão demonstraram neste sábado, numa manifestação pacífica, que o “silêncio da dor na comunidade grita por paz e justiça”, como se lia num dos cartazes. Depois de 90 dias de intensos tiroteios, com seis pessoas baleadas nas últimas 72 horas — três delas morreram, entre elas o menino Eduardo Ferreira, de 10 anos —, pelo menos mil pessoas participaram da maior passeata pela paz já realizada desde a implementação das UPPs, há quatro anos. Há novo protesto programado para este domingo, às 10h, na Praia de Copacabana, na altura da Princesa Isabel.

Durante o ato, o clima foi de tensão pela presença de mais de 300 policiais militares, apoiados por blindados (caveirões) e um helicóptero, que acompanharam a caminhada, da entrada da Favela da Grota, cruzando a Av. Itararé, até a Praça de Inhaúma. Um grupo de mototaxistas abriu o caminho. Nenhum incidente, porém, foi registrado. No microfone, entretanto, os organizadores do protesto, convocado pelas redes sociais, denunciaram que moradores das partes altas do complexo e da Vila Cruzeiro, na Penha, foram impedidos de descer por PMs, que teriam utilizado gás de pimenta. A assessoria das UPPs negou.

O corpo de Eduardo seguirá neste domingo para o Piauí, onde será enterrado. A mãe do garoto, Terezinha Maria de Jesus, 40, causou comoção ao tentar participar do movimento, mas passou mal e teve que ser retirada logo no início. Ao ver soldados do Batalhão de Choque perfilados, Terezinha não se conteve: “Assassinos! Vocês mataram meu filho, covardes!”, gritou várias vezes em direção à tropa, antes de ser amparada por parentes.

Boa parte dos moradores, com medo de que os conflitos do dia anterior se repetissem, preferiu ficar em casa, mas estendeu lençóis e camisetas brancas nas lajes e janelas. “Não sejam omissos, saiam de suas casas para protestar. Hoje sou eu quem choro a morte do meu filho (o mototaxista Caio da Silva, 20, em maio do ano passado, de bala perdida) no Cemitério do Caju. Amanhã pode ser um de vocês”, conclamou Denise da Silva. Líderes comunitários de outras favelas e pessoas que tiveram parentes mortos em conflitos estiveram presentes e deram depoimentos. O ator Paulo Betti participou do ato. No fim do dia, houve distribuição de ovos na ‘Pazcoa do Alemão’.

Fonte: O Dia