Onze anos depois de assassinar a ex-namorada, o jornalista Antônio Pimenta Neves foi levado, nesta quarta-feira (25), para uma penitenciária no interior de São Paulo. Mas poderá sair da prisão em muito menos tempo do que os 15 anos determinados na sentença.
Ao trancar a porta da casa onde passou os últimos cinco anos esperando pelo fim do processo, a vida do jornalista Pimenta Neves começava a mudar, aos 74 anos.
Primeiro uma passada rápida pela Divisão de Capturas. No começo da madrugada, o jornalista foi transferido para uma delegacia, onde passou a noite sozinho na cela.
A polícia não permitiu a gravação de imagens na cela onde Pimenta Neves passou as primeiras 12 horas. Ela parece um corredor de mais ou menos cinco metros quadrados. O jornalista recebeu um colchonete, mas não usou. Passou a noite toda andando de um lado para o outro. Quando amanheceu, Pimenta Neves recusou a primeira refeição: pão com manteiga e café com leite. Ele só se alimentou quando a advogada dele trouxe comida: pão, queijo, suco e água.
“Ele não fez nenhuma reclamação, eu constatei que o lugar onde ele está é um lugar sub-humano”, declarou a advogada Maria José da Costa Ferreira.
“É uma cela de cadeia, que não é claro o que ele deve estar acostumado. Não há nenhuma regalia”, afirmou o delegado José Carlos de Mello.
À uma hora da tarde, Pimenta Neves foi colocado no banco de trás do carro e levado para o presídio especial de Tremembé, no interior de São Paulo, onde vai ficar 15 dias isolado dos outros presos.
“Como ele já ficou recolhido por sete meses no início do processo, eu acredito que ele deverá ficar preso em regime fechado por mais dois anos, quando poderá ser agraciado pela progressão ao regime semiaberto”, explicou o promotor de justiça Carlos Horta Filho.
Depois da condenação em 2006, a defesa usou 20 recursos para adiar a prisão. Julgar isso leva tempo. “Existe uma carga sobre-humana de processos e de recursos, porque o Poder Judiciário não consegue dar conta de todas as decisões. São decisões atrapalhadas que acabam gerando os recursos”, destacou o jurista Carlos Kauffmann.
Para a família de Sandra, foi uma espera dolorosa, de 11 anos, até a prisão do assassino. “A gente praticamente já não estava mais esperando. Poderia ele nem estar vivo para cumprir a sentença”, lembrou o irmão Nilton Gomide.
Fonte: Agência de Notícias