Vida FM Asa Branca Salgueiro FM Salgueiro FM

‘Caixa dois é prática antiga no país’, diz Emilio Odebrecht a Sérgio Moro

Um dos donos do Grupo Odebrecht prestou o primeiro depoimento ao juiz Sérgio Moro, na Lava Jato. Emilio Odebrecht disse que a prática de caixa dois é antiga, no país e que o ex-ministro petista Antonio Palocci pode ter sido um operador do partido.

O empresário Emilio Odebrecht prestou depoimento como testemunha de defesa do filho dele, Marcelo Odebrecht, na ação que tem entre os réus, além do próprio Marcelo, o ex-ministro dos governos Lula e Dilma Antonio Palocci.

Segundo as investigações, Palocci favoreceu a Odebrecht em contratos com a Petrobras em troca de propina da empresa para ele e para o Partido dos Trabalhadores. 

O juiz Sérgio Moro decretou sigilo sobre os depoimentos de Emilio Odebrecht e de outro ex-executivo da empresa, Márcio Faria, também ouvido nesta segunda-feira (13), porque eles fizeram acordo de delação premiada

Mas uma falha técnica da Justiça Federal permitiu o acesso aos vídeos por alguns minutos. Em nota, a Justiça admitiu o problema e, em seguida, o juiz Sérgio Moro afirmou que, como a divulgação dos vídeos pela imprensa ocorreu fora do processo, não cabe a ele tomar providências, porque prevalece a liberdade de imprensa.

Nos vídeos, os delatores não aparecem. Só o juiz Sérgio Moro, os procuradores e os advogados. Moro lembra que Emilio Odebrecht precisa dizer a verdade por causa do acordo de delação.

Emilio Odebrecht disse ao juiz Sérgio Moro que nunca soube da participação do filho, Marcelo, em irregularidades envolvendo contratos da empresa com a Petrobras, e que jamais tratou de pagamentos ilícitos com Antonio Palocci. Mas disse não ter dúvidas de que o ex-ministro pode ter sido um dos operadores do PT.

Emilio: E não tenho dúvida que pode ter sido também ele um dos operadores que receberam estes recursos do partido. Agora, os detalhes disso, doutor Moro, eu não saberia dizer ao senhor.
Moro: E por que o senhor diz não tenho dúvida?
Emilio: Não tenho dúvida porque a gente contribuía. Existia uma regra, ou não contribuía para ninguém, ou contribuía para todos.

Emilio Odebrecht também falou sobre o apelido Italiano que aparece em uma planilha da empresa apreendida pela Polícia Federal.

“Existem muitos apelidos na organização, eu seria leviano, irresponsável em dizer que o Italiano é. Ele é também, pode ser também o nosso Palocci. Quer dizer então, não saberia dizer se efetivamente o Italiano que se refere aí à estrutura pode ser o doutor Palocci, não saberia dizer, mas com certeza ele também era identificado como Italiano”.

Sobre a prática do caixa dois em campanhas eleitorais, Emilio Odebrecht disse que os pagamentos não contabilizados já existiam desde a época do pai dele, Norberto, fundador do grupo.

“Existia isso já e sempre foi o modelo reinante no país e que veio até recentemente. Desde a minha época, da época de meu pai, da minha época e também de Marcelo”, disse.

Emilio negou a existência do Departamento de Operações Estruturadas, que ficou conhecido como departamento de propina. Afirmou que apenas uma pessoa era responsável pelos pagamentos ilícitos, mas não informou o nome.

Fonte: Jornal Nacional